Jornal Correio Braziliense

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Dois índios agredidos no Maranhão permanecem em hospital, diz Funai

Seis indígenas agredidos no ataque foram encaminhados a hospitais

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que, entre os indígenas agredidos no ataque sofrido pela comunidade Gamela no município de Viana (MA), no dia 30 de abril, dois ainda permanecem internados no Hospital Tarquino Lopes Filho, em São Luiz.

Por meio de nota, a fundação declarou que seis indígenas agredidos no ataque foram encaminhados a hospitais, três obtiveram alta e um deles não chegou a ficar internado. Os dois que permanecem em tratamento são Aldely de Jesus Ribeiro e José Ribamar Mendes.

A Funai confirmou que houve um índio com as mãos decepadas, apesar de o governo do Maranhão ter negado essa informação um dia após o ataque.

"Aldely passou por cirurgia nesta terça-feira (9/5). Ele teve as duas mãos praticamente decepadas, com fratura exposta também na tíbia e perônio e foi atingido por um tiro de raspão. José Ribamar também teve uma das mãos gravemente ferida com fratura exposta e aguarda cirurgia. Os dois, contudo, apresentam leve melhora e recuperam lentamente alguns movimentos das mãos", informou a fundação.

A fundação afirmou ainda que José André Ribeiro, que tem um projétil alojado no lado direito do pulmão, não deve ser operado e já recebeu alta hoje. De acordo com informações prestadas pelos médicos, o risco para remoção da bala seria maior do que a permanência dela no corpo. Francisco Jansen da Luz está com uma bala alojada no crânio, mas recebeu alta e deverá retornar para acompanhamento. Os médicos consideraram que o local onde o projétil se alojou não oferece riscos, ao passo que a tentativa de remoção poderia ter consequências danosas. A indígena Dilma Ribeiro Meireles, que foi hospitalizada na sexta-feira com forte quadro de cefaleia causado por um golpe na cabeça, realizou exames e teve alta. Inaldo Serejo foi atingido por um tiro de raspão e não ficou internado.

Acompanhamento

Uma equipe de servidores da Funai permanece na aldeia Cajueiro do Piraí. De acordo com os servidores, a situação está tensa. As polícias Federal, Civil e Militar fazem o policiamento do entorno, mas os estudantes indígenas estão impedidos de ir às escolas por questão de segurança. Em reunião com órgãos do governo do Maranhão, na semana passada, foi confirmada a presença de policiais em área por tempo indeterminado. Os servidores relataram que os Gamela estão sendo hostilizados por pessoas que utilizam a estrada próxima à área ocupada.

Os Gamela procuram a Funai, por meio da unidade regional do Maranhão, desde o início do ano 2000, reivindicando estudos para a demarcação da terra indígena tradicional de seu povo. A reivindicação fundiária do povo Gamela foi registrada no banco de dados da Coordenação-Geral de Identificação e Delimitação da Funai no início de 2016, quando foi realizada a qualificação da reivindicação.

A Funai informou que enviou ao governo do Maranhão uma consulta sobre a possibilidade de celebrar um "acordo de cooperação técnica" para tentar dar uma solução aos conflitos que envolvem o povo de etnia gamela e não índios que vivem na região.

"Estamos abertos ao diálogo a fim de se buscar uma solução para o conflito e dirimirmos o tensionamento na região", afirma a Funai, no documento encaminhado no dia 8 de maio.

Segundo o presidente interino da instituição, Franklinberg de Freitas, o "comitê de crise" criado para evitar conflitos em terras indígenas continua trabalhando no caso. O governador Flávio Dino (PCdoB) marcou uma audiência para esta quinta-feira, no Palácio dos Leões, em São Luís, para tratar do assunto.

Segundo a Funai, atualmente há 110 processos de regularização fundiária de terras de ocupação tradicional indígena na fila, sem uma conclusão pelo governo. Desses, dez estão em fase de cumprimento de determinação judicial, situação que, segundo a Funai, impossibilita a análise de outros processos no momento.