O presidente Michel Temer disse hoje (8) que a cultura política brasileira está acostumada a situações de déficit, e que isso precisa ser mudado, inclusive a ponto de a sociedade se incomodar quando o Estado gasta mais do que arrecada.
;Tivemos ano passado déficit de R$ 170 bilhões. Hoje temos um deficit de R$ 139 bilhões. Enfatizo o termo bilhões para condená-lo, porque nossos ouvidos, na cultura política nacional, se acostumaram a bilhões de déficit como se fosse a coisa mais natural do mundo;, disse o presidente durante a cerimônia de abertura do 3; Encontro Nacional de Chefes de Agências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Temer lembrou que logo no início de seu governo, foi dada ;plena transparência às contas públicas, sem malabarismos contábeis;. ;Constatamos um déficit brutal a ser corrigido. Por isso fizemos uma emenda constitucional estabelecedora do teto para os gastos públicos. Nós fizemos por um período de 20 anos, revisável este teto somente após 10 anos;, disse ele.
;É como se na nossa casa tivéssemos bilhões em prejuízos e não nos incomodássemos. O Brasil é nossa casa e devemos nos incomodar. O combate ao déficit público é o que faz com que tenhamos tranquilidade absoluta. Agora, registro, não se combate déficit com um ou dois exercícios. É preciso muitos exercícios financeiros. Quem sabe em dez anos possamos fazer uma revisão em que só se gasta aquilo que se arrecada. Por isso que o prazo há de ser longo;,
[SAIBAMAIS]Temer disse que o déficit fiscal dos estados prejudica a vida de muitos trabalhadores e citou, como exemplo, a foto de uma pensionista em frente à Assemblea Legislativa do Rio de Janeiro.
;Uma das fotos mais dolorosas que vi foi a de uma senhora aposentada no Rio de Janeiro, segurando uma placa em frente à Assembleia Legislativa, dizendo que a três meses não recebia a pensão porque o estado não tem como me pagar. Foi uma das fotos mais dolorosas que vi nos últimos tempos;, disse Temer.
IBGE e as propostas de reformas
O 3; Encontro Nacional de Chefes de Agências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que tem como finalidade discutir os preparativos para o Censo Agropecuário 2017. A coleta do Censo Agro começa em 1; de outubro. No encontro, Temer disse que muitas das políticas adotadas pelo governo e pelo Congresso Nacional têm como base os levantamentos de dados do IBGE.
;O IBGE é o grande suportador da necessidade da reforma previdenciária. Sem ele, dificilmente será comprovavel essa necessidade;, disse o presidente. Temer disse que os dados do IBGE têm sido ;o apoio do Congresso, sempre com muito diálogo. Para que ele [o Congresso] nos conduza a medidas que melhorem a condição do povo brasileiro, é fundamental que esteja lastreado em informações verdadeiras. Quem fornece essas informações é o IBGE;, acrescentou.
Em seu discurso, o presidente do IBGE, Paulo Rabello, também defendeu a reforma previdenciária. Ele ainda criticou decisões judiciais que tentam obter informações sigilosas coletadas por sua equipe de Censo. ;Por lamentável equívoco de tribunal regional, o IBGE estava sendo obrigado a entregar dados daquilo que é segredo confessionário;, criticou Rabello. Em seguida, ele elogiou o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter suspendido condenações de instâncias inferiores.