O estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, teve os sedativos retirados para avaliação neurológica e início do processo de retirada da ventilação mecânica na manhã desta terça-feira (2/5), no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Segundo boletim médico, o jovem "está evoluindo com melhora clínica, estável na parte respiratória e com pressão normal". Contudo, o estado de saúde dele ainda é grave.
O tratamento de hemodiálise, que estaria marcado para começar nesta terça, não será realizado. Os médicos informaram ainda que não há previsão para novas cirurgias. O paciente continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Ele deu entrada na última sexta-feira (28/4), após ter sido fortemente agredido com um cassetete por um policial durante manifestação da greve geral, em Goiânia.
[SAIBAMAIS]O capitão Augusto Sampaio de Oliveira Neto, subcomandante da 37.; Companhia Independente, ligada ao Comando do Policiamento de Goiânia, foi afastado pela Polícia Militar de Goiás e deve se dedicar a atividades administrativas. A punição dura 30 dias, período em que será conduzido Inquérito Policial Militar sobre o caso. O prazo para a investigação ainda pode ser prorrogado por mais 15 dias, e depois o processo será encaminhado à Justiça. O Estado não conseguiu contato com Oliveira Neto.
No protesto do dia 28, a repressão teve início após a dispersão dos organizadores e a permanência de um grupo de jovens estudantes, a maioria deles mascarados. Durante a manifestação, vidraças de pelo menos um banco foram quebradas no centro de Goiânia.
Não há imagens que liguem o estudante aos atos de vandalismo. Silva aparece apenas correndo no meio da multidão quando o militar corta o seu caminho e desfere o golpe. A pancada que o capitão desferiu contra o rapaz foi tão forte que arrancou a capa de borracha que encobre o cassetete. Além desse episódio, circulam pelas redes sociais imagens de quatro PMs batendo em uma jovem caída no chão. O próprio capitão é flagrado empurrando manifestantes.
A reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde Silva estuda, condenou "atos de repressão contra o direito à livre manifestação". O Ministério Público goiano informou que vai acompanhar todas as investigações para individualizar eventuais desvios de conduta.