Adriana Maria Queiróz estudou em escola pública e trabalhou como faxineira para poder pagar a faculdade e, hoje, é juíza de direito. Titular da 1; Vara Cível e da Vara da Infância e do Adolescente, de Quirinópolis, em Goiânia, Adriana vai lança um livro, no dia 29 de abril de 2017, intitulado "Dez passos para alcançar seus sonhos ; A história real da ex-faxineira que se tornou juíza de direito".
;O objetivo do livro é motivar as pessoas que, como eu, já estiveram muito distantes dos seus sonhos. É mostrar que é possível superar condições adversas, ir contra paradigmas preestabelecidos. Vale a pena lutar pelo que você acredita e você deve acreditar nos seus sonhos, independentemente do tempo que leve para realizá-los;, disse a juíza ao portal do UOL.
Ela nasceu no interior de São Paulo, em Tupã, onde seus pais, trabalhadores rurais do Sertão da Bahia, foram para buscar mais oportunidades de vida. ;Era uma família humilde. Sempre estudei em escolas públicas e depois, quando passei na faculdade de Direito da cidade, tive que usar todas as minhas forças possíveis, pois meus pais não tinham condições de pagar;.
Para custear o sonho, Adriana conseguiu um trabalho como faxineira na Santa Casa da cidade onde morava, trabalhando na limpeza hospitalar enquanto estudava durante a noite. Porém, isso não era suficiente, então ela foi atrás do diretor da faculdade. A direção se sensibilizou com a história de Adriana e, então, deram 50% da bolsa de estudos para que ela concluísse o curso, que ela já havia escolhido desde o Ensino Médio.
O sonho de ser juíza veio quando ela estava na faculdade, mas outra dificuldade se apresentou: ela teve que lutar contra o preconceito e a descrença. ;Minha decisão de estudar Direito teve a ver com injustiça social, com os motivos de exclusão que eu via. Busquei conhecimento e uma forma de mudar esse contexto. Dentro da faculdade, conhecendo as áreas, quis me preparar para ser juíza. Algumas pessoas da minha família e conhecidos ficaram surpresos. Fui até motivo de piada. Sem ninguém na área jurídica na família, pobre, negra; Ninguém acreditava, mas eu acreditava. Nunca isso foi requisito para ser juíza;.
Ao concluir a faculdade, Adriana pediu demissão, juntou o dinheiro da rescisão e foi para a capital de São Paulo fazer cursos preparatórios para o concurso de Magistratura. Com o dinheiro que tinha, conseguiria ficar por dois meses em um pensionato de estudantes. Como não conseguiu emprego logo, Adriana passou a achar que não conseguiria realizar seu sonho, mas então Damásio de Jesus, diretor de um curso de direito, se sensibilizou com a história e lhe ofereceu 100% de bolsa de estudos e um emprego na biblioteca na escola. Foi ele, inclusive, quem escreveu o prefácio do livro de Adriana.
;Foram sete anos trabalhando e estudando em São Paulo. Sábados, domingos, feriados; Foram muitas reprovações até que em 2010 eu fui aprovada. Em janeiro de 2011, tomei posse como juíza em Goiânia. Eu realmente estava obstinada a alcançar meu sonho. Passei por momentos de desânimo, as dificuldades pesaram muito, a distância que eu estava e onde queria chegar era muito longa; Mas desistir nunca passou pela minha cabeça;.