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Água do Tietê invade casas e população recorre a trajetos alternativos

Assim como os passageiros, motoristas também recorreram a aplicativos para fugir do engarrafamento

Juliana da Silva, de 32 anos, se surpreendeu quando desceu do segundo andar do prédio em que mora e mantém um salão de beleza na Rua Ema Bortolato Búlgaro, bairro Jardim das Graças, na zona norte de São Paulo. Segundo ela, fazia mais de seis anos que o local não era invadido pelas águas do Rio Tietê, localizado a menos de duas quadras dali. "A água não estava tão alta aqui dentro, mas sujou tudo. Tive que limpar antes de abrir com bastante produto para tirar o cheiro do rio", relata.

Devido às fortes chuvas, São Paulo registrou um congestionamento 90% maior que a média diária. A designer gráfica Vanessa Cavalcante, de 34 anos, por exemplo, diz ter saído de casa às 5h40 em São Miguel Paulista, na zona leste, e ter chegado às 9h no trabalho, na Lapa, na zona oeste. "O trânsito estava tão parado na Rodovia Ayrton Senna que cheguei a desligar o carro. No caminho, vi muita gente andando pela via. Mas eu iria fazer o quê? Só conseguiria sair dali se um helicóptero me buscasse. Só vi congestionamento parecido na época da Copa do Mundo", compara.
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A auxiliar administrativa Camila Modesto, de 20 anos, relata ter levado 40 em vez dos sete minutos usuais no trajeto de ônibus de sua casa até a estação da CPTM em Osasco, da qual foi até as imediações da Avenida Ermano Marchetti, na Lapa. No dia a dia, ela costuma ir de ônibus ao trabalho, mas mudou de ideia após ver a situação do trânsito em um aplicativo de transporte. A mesma tática foi adotada pela vendedora Zila Luzinete Teixeira, de 55 anos, que, em vez de um ônibus direto para o Bom Retiro, optou por ir até Itaquera, na zona leste, e, de lá, pegar um metrô para a região central. Mesmo não enfrentando tanto trânsito, o percurso levou duas horas, o dobro do que costuma enfrentar diariamente. "Agora não sei como vai ser para eu ir embora. Mas ter que passar por isso quando chove não é normal", diz.

Assim como os passageiros, motoristas também recorreram a aplicativos para fugir do engarrafamento. A editora de imagem Maiti Salla, de 39 anos, disse ter levado mais de uma hora para sair de casa, esperando melhorar a situação do trajeto de sua casa, no Tatuapé, na zona leste, até o trabalho, na Lapa. "Mesmo assim, levei o dobro do tempo para chegar", comenta. Ela relata, contudo, que já esperava tamanho congestionamento: "Quando cheguei de noite em casa tinha uma correnteza, pela qual eram arrastados os sacos de lixo deixados na rua. Hoje de manhã, estava tudo cheio de lixo".

A operadora de caixa Vanilda Silva, de 41 anos, comenta que presenciou ao menos três discussões durante o trajeto para o trabalho - do Jardim Peri, na zona norte, até a Avenida Marquês de São Vicente(via da Lapa, na zona oeste que chegou a ser interditada por alagamento). "Não cabia mais ninguém, mas o motorista continuava parando nos pontos. Daí mais gente tentava entrar, a porta não fechava, a catraca ficava travada. Hoje foi uma aventura chegar até aqui. E ainda me atrasei", explica a mulher, que levou uma hora e trinta, em vez de 45 minutos, para chegar ao trabalho.