Vera Batista, Paulo Silva Pinto
postado em 15/03/2017 07:18
Um grupo de manifestantes invadiu, por volta das 5h40 desta quarta-feira (15/3), o edifício principal da sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, em protesto contra a reforma da Previdência. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), havia 200 pessoas no momento da invasão, incluindo agricultores sem-terra, agricultores familiares e pessoas sem-teto. Segundo os manifestantes, o grupo tinha cerca de 1.500 pessoas.
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[SAIBAMAIS]De acordo com a PMDF, as entradas e as laterais do prédio estavam quebradas, evidenciando marcas de arrombamento. Uma bandeira dos sem-terra está em pendurada em uma janela do edifício. Uma marcha se desloca pela Esplanada dos Ministérios em direção ao Ministério da Educação (MEC) e, segundo os organizadores, o grupo é formado por trabalhadores de várias classes.
O Ministério da Fazenda informou, em nota, que o prédio foi desocupado por volta das 15h. Ainda conforme a pasta, servidores da área de patrimônio relataram, preliminarmente, que "várias paredes foram pichadas e divisórias, portas de madeira e de vidro foram quebradas". Além disso, "alguns equipamentos foram jogados no chão" e, "na entrada do edifício, a principal porta teve os vidros quebrados e parte da grade arrancada".
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A Polícia Federal iniciou uma perícia por volta das 17h40 e, depois da inspeção, o prédio passará por uma limpeza. O edifício deve ser liberado na manhã desta quinta-feira (16/3) e, nos próximos dias, o Ministério deve apresentar um relatório de danos. A pasta reclama que "em nenhum momento os manifestantes apresentaram pauta de reivindicações ou pediram audiência com qualquer autoridade" e diz que, após a conclusão do relatório, "buscará o ressarcimento dos prejuízos aos cofres públicos".
Dia Nacional de Mobilização
A ação faz parte do Dia Nacional de Mobilização e Paralisação Contra a Reforma da Previdência, organizada por movimentos sociais do campo e da cidade que integram as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Em nota, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) alegou que a ocupação foi feita por conta da "perda de direitos e os retrocessos promovidos pelo governo Temer". O movimento tem sua centralidade na luta contra a reforma da Previdência, enviada pelo presidente Michel Temer em dezembro do ano passado.
O texto ainda faz críticas às argumentações do governo para justificar a reforma. "Enquanto o governo justifica a reforma com o deficit, aplica desonerações fiscais às empresas, não combate efetivamente sonegação fiscal e perdoa a dívida de centenas de empresas que devem três vezes o valor do deficit ao INSS".
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) presenciou a manifestação, que tomou todos os andares do prédio, e impedia a entrada dos servidores para a jornada de trabalho. "O governo Temer não tem legitimidade alguma para assumir um compromisso como esse", afirmou. Quando perguntado sobre os movimentos sociais, o deputado concluiu: "Não adianta quererem nos enterrar; somos como sementes. Germinamos aos milhares".
Movimentos sociais
A ocupação é realizada por movimentos da Via Campesina Brasil, MST ; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MAB ; Movimento dos Atingidos por Barragens, MMC ; Movimento das Mulheres Camponesas, CONAQ ; Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas, MTD ; Movimento dos Trabalhadores por Direitos, MLT ; Movimento de Luta pela Terra, MTST ; Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e conta com o apoio de professores da base do Sinpro/DF e de trabalhadores de diversas categorias da base de sindicatos da CUT.