Aprovada pelo Senado na noite de quarta-feira, a reforma do ensino médio seguiu para sanção do presidente Michel Temer e também passará pelo crivo do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá pela constitucionalidade ou não da matéria. Primeira reforma do governo Temer a ser aprovada pelo Congresso, a proposta é contestada pelo PSol e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que ingressaram no ano passado com duas ações diretas de inconstitucionalidade no STF. Relator das duas ações, o ministro Edson Fachin já liberou a reforma do ensino médio para julgamento pelo plenário da Corte. Cabe à presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, definir a data do julgamento, que segue sem previsão.
Satisfeito com o resultado, o presidente Michel Temer comentou ontem que pretende assinar o texto o mais rápido possível. ;Quero comemorar com Mendonça (Filho, ministro da Educação) aqui a aprovação dessa reforma fundamental, que é a reforma do ensino médio. Quero ver se sanciono nos próximos dias, rapidamente;, disse Temer, durante a abertura do evento Caixa 2017, organizado pela Caixa Econômica Federal. Ele estava acompanhado pelos ministros Mendonça Filho, Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Dyogo Oliveira (Planejamento).
A reforma do ensino médio ; que, na prática, flexibiliza a carga horária, permitindo que o aluno escolha parte das disciplinas ; é a primeira reforma do governo Temer aprovada, após polêmicas quanto às disciplinas obrigatórias, como artes e educação Física, e a falta de uma discussão maior com a sociedade. Já o ministro Mendonça Filho afirmou ontem que o texto aprovado pelo Senado ficou como o governo desejava, deixando, segundo ele, essa fase educacional mais flexível e com condições de o jovem decidir sua trajetória educacional. ;O modelo atual é rígido e não dialoga com a vontade dos jovens. Agora, os alunos poderão definir seu itinerário educacional. Além disso, o novo modelo é compatível com a estrutura de outros países, permitindo aos jovens melhor formação e maior inserção no mercado de trabalho;, disse o ministro.
Disciplinas
Mendonça Filho explicou que, pelo texto aprovado, o conteúdo educacional será composto por 60% da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e 40% de conhecimentos complementares, que poderão ser escolhidos pelos alunos, com as opções de Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Técnico, e serão definidas e ofertadas pela rede estadual. As disciplinas de matemática e português, no entanto, são obrigatórias nos três anos de estudo.
Bem antes de a medida provisória ter sido aprovada pelo Senado, a secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, disse que o novo modelo poderia receber as primeiras turmas a partir de 2018. Apesar de depender da aprovação da BNCC, o MEC ainda faz a ressalva de que a MP já terá valor de lei e que escolas privadas e redes estaduais já podem fazer adaptações seguindo os seus currículos em vigor.
Em dezembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer pela inconstitucionalidade da reforma do ensino médio. Na época, Janot defendeu que a medida provisória, ;por seu próprio rito abreviado, não é instrumento adequado para reformas estruturais em políticas públicas, menos ainda em esfera crucial para o desenvolvimento do país, como é a educação;. Mendonça Filho classificou como um ;grande equívoco; o parecer de Janot e defendeu que as mudanças eram urgentes ;por conta do quadro absolutamente desastroso; da educação brasileira.
Críticas de professores
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) divulgou nota em que se manifesta contra a aprovação da medida provisória que reforma o ensino médio. Para a entidade, a mudança é ;um golpe contra a juventude;. Segundo o texto, assinado pela presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, a forma como a medida foi aprovada é ;autoritária e inconstitucional;. Para a entidade, a reforma por meio de medida provisória evitou o amplo debate. A Apeoesp diz ainda que a ampliação das escolas de tempo integral e o aumento da carga horária ;descolados de uma concepção de ensino médio que ofereça aos estudantes uma formação integrada, que articule a educação com as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura (...) ignora os direitos e interesses dos estudantes trabalhadores;.
"Quero comemorar com Mendonça (Filho, ministro da Educação) aqui a aprovação dessa reforma fundamental que é a reforma do ensino médio. Quero ver se sanciono nos próximos dias, rapidamente;
Michel Temer, presidente da República