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Sindicato não descarta paralisação de policiais civis no Espírito Santo

Homens do Exército ocuparam as ruas da Grande Vitória a partir da tarde de ontem, quando foram contabilizados 62 mortos na região. Com o aquartelamento de policiais militares, criminosos promoveram ataques contra a população

Tropas federais chegaram ao Espírito Santo, em meio a uma explosão de violência que teve início com o aquartelamento de policiais militares. A criminalidade se aproveitou da ausência do policiamento ostensivo para promover ataques contra a população. Em meio à falta de segurança, criminosos realizaram arrastões em paradas de ônibus, homicídios, assaltos e saquearam o comércio. Até a noite de ontem, o Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol) contabilizou 62 mortos. A situação é tão grave que o Instituto Médico Legal foi fechado por não ter mais condições de receber mais cadáveres.

[SAIBAMAIS]A crise na segurança do estado começou no sábado, quando familiares de policiais inciaram protestos em frente às unidades policiais. Os manifestantes impediram a saída das viaturas. O clima de insegurança deixou ruas desertas e obrigou o governo do Espírito Santo a pedir ajuda federal. A administradora de empresas Regiane Ventura, 35 anos, conta que vive momentos de terror ao ver ataques ocorrerem próximo de sua residência. ;Eu não estou saindo de casa. Meu namorado foi trabalhar e liberaram ele logo após o horário do almoço. Não tem como ficar na rua, a insegurança está muito grande. Eu vi da varanda uma família ser assaltada por homens que chegaram de bicicleta;.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo declarou que o movimento de aquartelamento é ilegal e determinou a volta imediata dos policiais ao serviço e a retirada dos manifestantes da frente dos quartéis. A Justiça determinou que as associações de policiais atuem para acabar com o movimento grevista. A decisão judicial fixa multa de R$ 100 mil por dia, em caso de descumprimento da ordem.

Assembleia

O diretor do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol), Jorge Emílio, não descarta uma paralisação dos policiais civis. ;Na quinta-feira vamos fazer uma assembleia para decidir como a categoria vai se comportar diante da precarização da segurança pública. Os mesmos problemas enfrentados pela PM atingem a Polícia Civil. Os peritos do IML estão trabalhando em condições precárias, recebendo mais corpos do que podem analisar. Na assembleia vamos debater uma greve geral para alertar sobre a falta de investimento em segurança pública;, destaca Jorge.

Diante do aumento da violência, o Sindipol recomendou que policiais civis não tentem enfrentar criminosos pelas ruas das cidades afetadas. A orientação é que integrantes da Polícia Civil não aceitem desvio de função, caso sejam enviados para o patrulhamento ostensivo.
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