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Justiça mantém preso ex-chefe de arrecadação da Prefeitura de SP

Pereira foi preso no dia 13 de dezembro do ano passado em uma operação comandada pelo Gedec, grupo especial do Ministério Público Estadual que combate delitos econômicos, por extorsão e lavagem de dinheiro

A Justiça paulista manteve na prisão o ex-chefe de arrecadação da Prefeitura de São Paulo e ex-secretário de Planejamento de Santo André, Arnaldo Augusto Pereira, acusado de ter recebido R$ 1,17 milhão em propina para liberar a construção de um condomínio residencial na cidade do ABC, entre 2010 e 2012.


[SAIBAMAIS]Pereira foi preso no dia 13 de dezembro do ano passado em uma operação comandada pelo Gedec, grupo especial do Ministério Público Estadual que combate delitos econômicos, por extorsão e lavagem de dinheiro. O habeas corpus, com pedido de revogação da prisão, foi indeferido na segunda-feira, 30, à noite pela desembargadora Ivana David.

Segundo a denúncia feita pelos promotores, Pereira usou a empresa de uma amigo de infância chamado Renato dos Santos Neto, que chegou a ser preso juntamente com ele em dezembro, para receber pagamentos de propina feitos pela construtora Rossi Residencial S/A para liberar um condomínio com 15 torres em Santo André, na época em que ele era secretário daquela cidade.

A quebra de sigilo bancário com autorização judicial constatou que a Rossi efetuou 11 depósitos de R$ 107 mil na conta da 2 Pixels Consultoria em Sistema Ltda, que pertence ao amigo do ex-subsecretário da Receita na capital. Em seguida, os valores foram transferidos para as contas bancárias de Pereira, Neto, Fabieny Elisabeth Nery e Luiz Fernando Franco Neubern.

Aos promotores, os representantes da Rossi afirmaram que Pereira "exigiu o pagamento de vantagem indevida no valor superior a R$ 1.000.000,00 para a aprovação de empreendimento da construtora no município de Santo André, sem entraves burocráticos" e indicou a empresa 2 Pixels "para celebração de um contrato fictício, emissão de notas fiscais e depósito de vantagens indevidas".


Pereira está detido na carceragem do 31.; Distrito Policial (Vila Carrão), na zona leste da capital. O Tribunal de Justiça ainda tem outro pedido de habeas corpus pedindo a liberdade do ex-auditor, que também será analisado pela desembargadora Ivana - o MPE espera que essa solicitação também seja negada.

O criminalista Marcio Sayeg, que defende Pereira na Justiça, informa que também já fez pedidos para libertar o ex-chefe da arrecadação municipal ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e também ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"A prisão dele não se justifica. Há dois anos ele responde a esses processos, e sempre colaborou com as investigações, comparecendo ao Ministério Público sempre que convocado, em todos os atos processuais", afirma o advogado.

Em nota, a Rossi ressaltou que "vem colaborando com as autoridades" e "é vítima" da ação do ex-secretário. A construtora diz ainda que não pode pronunciar-se porque o caso está em segredo de justiça.

ISS

Pereira já era investigado pelo MPE por integrar a chamada Máfia do ISS em São Paulo, que cobrava propina de construtoras para reduzir o valor de tributos pagos nas obras e liberar os certificados de quitação de Imposto sobre Serviços (ISS).

As investigações da Prefeitura da capital e do MPE apontam que Pereira chegou a receber entre R$ 60 mil e R$ 80 mil por semana da quadrilha que atuou entre 2006 e 2009 e era liderada pelo ex-subsecretário da Receita Ronilson Bezerra Rodrigues, seu sucessor no cargo, durante a gestão Gilberto Kassab (PSD). Ambos eram auditores de carreira e foram demitidos a bem do serviço público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.