O vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, 54 anos, foi espancado e morto na noite de domingo por dois homens dentro da estação Pedro 2;, na Linha 3-Vermelha do Metrô, região central da capital paulista. Segundo informações da Polícia Civil, a vítima vendia salgados e refrigerantes do lado de fora da estação quando viu os dois homens agredindo uma transexual e tentou defendê-la. A partir daí, passou a ser alvo de socos dos agressores, identificados pela Polícia Civil como Ricardo do Nascimento Martins, 21 anos, e Alípio Rogério Belo dos Santos, 26 anos.
[SAIBAMAIS]Ruas correu para dentro da estação, em direção à bilheteria, para tentar fugir dos agressores, mas foi perseguido pelos criminosos, que continuaram a atingi-lo com vários golpes. A vítima caiu e os agressores fugiram. Seguranças do metrô foram chamados e levaram Ruas, ainda com vida, para o Hospital do Servidor Público Municipal, na Aclimação, Zona Sul de São Paulo, onde a vítima acabou morrendo cerca de duas horas após o episódio, às 22h25.
Responsável pelo Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), o delegado Osvaldo Nico Gonçalves afirmou que Santos e Martins são primos e foram identificados nas imagens de câmeras de segurança da estação pelos próprios familiares. Um deles já tinha histórico de agressão, segundo a polícia.
De acordo com Gonçalves, ambos moram na Aclimação e haviam saído para beber após um deles passar por uma ;desilusão amorosa;, nas palavras do delegado. A mulher de Santos teria rompido o casamento, o que fez com que o agressor fosse alvo de comentários no bairro. ;Antes de sair, ele já tinha quebrado a porta de uma vizinha;, contou o policial. ;Foi um crime chocante. A vítima estava vendendo biscoitos para conseguir pagar o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), segundo me contou a mulher dele. Foi defender um travesti que estava sendo agredido e acabou pagando com a própria vida;, disse Gonçalves.
O delegado afirmou que o advogado de defesa dos agressores já entrou em contato com a Polícia Civil e informou que ambos se apresentarão nesta terça-feira. Até o fechamento desta edição, a Polícia Civil ainda não havia pedido formalmente à Justiça a prisão dos dois suspeitos.
Socorro
Questionado sobre uma suposta omissão de seguranças e funcionários do Metrô no socorro ao ambulante, a companhia informou, por meio de nota, que, assim que notou o ocorrido, o Centro de Controle da Segurança acionou agentes que estavam nas estações vizinhas (Sé e Brás). ;Os seguranças se deslocaram imediatamente para a estação Pedro 2;, prestaram os primeiros socorros e conduziram a vítima de agressão para o PS Vergueiro. O Metrô colabora com a autoridade policial para o esclarecimento do crime;, diz a nota.
A companhia não informou por que não haviam agentes de segurança na estação Pedro 2; na hora do crime. Disse que os agentes trabalham por meio de rondas em trens, plataformas e acessos das estações, seguindo orientações do CCS, que monitora a rede.