O número de homicídios no estado de São Paulo voltou a diminuir neste ano, mas subiu quase 20% no Rio de Janeiro, apesar das medidas de segurança e dos Jogos Olímpicos, indicaram fontes oficiais.
Em São Paulo houve 3.313 homicídios entre janeiro e novembro de 2016, em comparação com 3.605 no mesmo período de 2015, o que representa uma queda de 8,13%. Esta é a taxa mais baixa desde 2001, informou na sexta-feira a Secretaria de Segurança Pública do estado mais populoso do Brasil, com 44,7 milhões de habitantes.
No Rio de Janeiro, com uma população de 16,6 milhões, houve um aumento do número de homicídios, com 4.572 casos nos primeiros onze meses do ano, em comparação com 3.818 no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 19,6%, afirmou na quinta-feira o Instituto de Segurança Pública do estado.
"Em São Paulo a violência vem diminuindo há vários anos. A única facção do crime organizado que domina é a PCC (Primeiro Comando da Capital). Além disso, em 2006, teria havido um acordo entre o PCC e o governo do estado que reduziu a violência", disse à AFP a antropóloga Alba Zaluar, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
"No Rio, há três facções de crime organizado, e agora o PCC rompeu o acordo que tinha com o CV (Comando Vermelho) e se aliou com a ADA (Amigos dos Amigos), rival do CV", afirmou a pesquisadora, que destacou também a presença de milícias e de "elementos podres da polícia" no estado.
O PCC, originário de São Paulo, e o CV, nascido no Rio, são as duas maiores facções criminosas do Brasil, e hoje estão presentes em todo o país. Os dados do Rio "são vergonhosos" e mostram "o fracasso" da política de segurança pública baseada na implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) nas favelas, afirmou ao jornal O Globo Julita Lemgruber, especialista em assuntos de violência.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2011 e 2015 a violência no Brasil provocou mais mortes do que a guerra da Síria. Nesse período, o Brasil registrou 278.839 assassinatos, enquanto o conflito sírio deixou 256.124 mortos, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em outubro por essa ONG.