Chapecó, Brasil - Depois de dois dias na escuridão, Chapecó se uniu nesta quarta-feira (30/11), com tambores, bandeiras e cantos em memória a um time que já não está presente, mas que nunca será esquecido na Arena Condá. Um estádio lotado com jovens cantando os hinos de seus guerreiros, inundado de verde e branco.
"A equipe era nossa cidade, nossa alegria do fim de semana, era algo inexplicável para nós. Acredito que, de alguma maneira, a partida da semana passada foi uma despedida", afirmou emocionado Ghetly Ranzan, um funcionário de 37 anos que ainda se recorda do primeiro encontro do Chapecoense, ao qual assistiu, em 1985.
[SAIBAMAIS]No campo, três pastores iniciaram suas orações frente a um altar onde brilhava a taça do Campeonato Catarinense, a vitória com a qual o "Furacão do Oeste" começou um ano que seria seu. Na primeira fila da cerimônia, famílias devastadas ouviam as orações, enquanto milhares de celulares iluminavam o céu.
"Não conseguia dormir naquele dia, porque estava muito nervosa, não sabia o que estava acontecendo comigo. Quando eu soube, parecia mentira. Não consigo acreditar que morreram, ainda não caiu a ficha", disse Marta Sonia Morais à AFP, uma dona de casa de 54 anos que, ao lado do marido, um fã apaixonado da equipe, não perdia uma partida.
As crianças das categorias de base deram a volta no estádio sob aplausos. Alguns choravam, enquanto corriam com seus uniformes verdes, saltando e acenando orgulhosos para a multidão. No telão, desfilaram o time escalado, os diretores e funcionários que ajudaram a reconstruir o clube e os jornalistas, as vítimas dessa tragédia, recebidas aos gritos de "campeões, campeões" na Arena Condá.
Entre os cartazes de homenagem expostos em uma das entradas do estádio, um se destacava: "não é e nunca será apenas futebol. Juntos somos mais do que 11".
Por France Presse