Marcos Paulo Lima, Breno Fortes
postado em 30/11/2016 13:56
Chapecó (SC) ; Eles foram passando um por um. De cabeça baixa, olhavam para os pés que, a partir de agora, terão a missão de ser ferramentas de trabalho para reconstruir a história da Chapecoense. Os garotos saíam de uma reunião na sala da secretaria do departamento de base depois de uma reunião com a assistente social do clube, Irlene Würzius.
A missão dela era acalmá-los. Diminuir o impacto do acidente com o avião do time profissional na mente de garotos nascidos em 1996, 1997, 1998 e 1999. Em silêncio, eles formaram um círculo. Rezaram. E tomaram uma decisão. Trocar o ambiente de luto na cidade do interior catarinense por uma competição.
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;Nós decidimos entre a gente que vamos disputar a Copa Ipiranga Sub-20 lá no Rio Grande do Sul. A gente estreia na segunda-feira contra o Corinthians (no Estádio Morada dos Quero-Queros, em Alvorada). A assistente social perguntou se nós estamos precisando de ajuda. Foi muito importante. A dor é muito grande;, disse o volante Roni Gebing, nascido em Três Passos (RS). Outros dois jogadores endossaram a atitude. Nós decidimos jogar a Copa Ipiranga, e agora quem vai definir é a diretoria. Queremos jogar para mostrar nossa força e honrar os amigos que se foram;, disse o volante Lucas Mineiro. O elenco vai viajar de ônibus até a cidade de Alvorada (RS).
[SAIBAMAIS]No fim de semana, o time derrotou o Criciúma na primeira partida da decisão do Campeonato Catarinense da categoria. O segundo jogo seria amanhã, mas foi cancelado. ;Eu lembro que o goleiro Danilo e outros jogadores nos deram muita força, acompanharam a partida. Nós aprendemos muito com eles. Sou muito fã do Cleber Santana, era uma referência;, diz Roni.
Tratados como jóias, os meninos da base da Chapecoense já moram em apartamentos individuais bancados pelo clube. Um deles é o meia-atacante Guilherme Lima, uma das principais apostas das divisões de base. ;Nós sabemos que a situação é difícil, é um momento de muita dor, mas temos que ser fortes. O futuro da Chapecoense, agora, somos nós;.
Guilherme Lima chegou a treinar com os profissionais no início do ano, quando voltou da Copa São Paulo de Futebol Júnior. ;Eu e mais quatro fomos chamados pelo técnico da época (Guto Ferreira) para treinar no time principal. Eu cheguei a disputar uma partida;, lembra.
Atentos ao noticiário de que clubes do Brasil e do mundo estão dispostos a enviar socorro financeiro e até emprestar jogadores para a remontagem do elenco da Chapecoense, os meninos da base não desprezam as mãos amigas. ;Somos muito novos. Vamos precisar, sim, de gente mais experiente quando tivermos que disputar o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil, quem sabe a Copa Libertadores da América. É bom para o nosso amadurecimento;, disse Guilherme Lima, lembrando que estagiou com o elenco principal no início do ano e evoluiu.