Eduardo Militão
postado em 29/11/2016 06:03
No mês em que se comemora o Dia do Músico, a categoria está às voltas com uma mega auditoria, promovida pela atual diretoria, para averiguar as contas anteriores da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e de suas regionais em todo o país. Segundo o presidente da entidade, Gérson Tajes, nos últimos 48 anos a autarquia federal foi comandada pela ;ditadura;. Tajes, que assumiu o comando em abril, disse ao Correio que há todo tipo de fraudes e suspeitas e determinou a auditoria por ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), que defendeu maior transparências nas contas da entidade.
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O levantamento começa em São Paulo, onde fica a maior seccional da entidade a qual, há dois anos, não responde um pedido, feito por um conselheiro do órgão, para exibir suas contas. Os antigos presidentes da OMB nacional e paulista estão fora dos cargos. Decisão do TCU ordenou, em 2014, que a entidade publicasse seus balanços na internet, o que não está acontecendo como se esperava. As cinco maiores regionais arrecadaram R$ 29,1 milhões entre 2008 e 2012, segundo o tribunal, sendo R$ 11 milhões apenas com taxas cobradas de shows internacionais no país.
;A Ordem nunca fez o papel que deferia fazer;, afirmou Tajes, ritmista e cantor de samba. ;Tem muito desvio, dilapidação de patrimônio, enriquecimento ilícito;, prosseguiu. Ele espera ver o trabalho concluído, para prestar mais informações. ;Após a auditoria feita, vamos mencionar os estados que têm problemas e os que não têm.; Tajes pediu, em 25 de outubro, que a Polícia Federal abrisse inquérito em São Paulo e narrou que integrantes da entidade venderam um carro por R$ 10 mil e ficaram com o dinheiro, além de se apropriarem das senhas de acesso dos e-mails da regional paulista.
Outros músicos ouvidos pelo jornal também criticam a falta de transparência e afirmam que os benefícios da OMB não são compatíveis com o que ela arrecada. No STF, uma ação que se arrasta por sete anos pede que os profissionais atuem sem a obrigatoriedade de pagarem anuidade e usarem a carteirinha da entidade.
O maestro de coral e conselheiro da OMB de São Paulo Eduardo Roz pediu três vezes, em 2014, inclusive por escrito, que o então presidente da regional paulista, Roberto Bueno, exibisse as contas do órgão. Nunca foi atendido. ;A partir do momento em que não há esclarecimentos, você dá margem para especulação;, disse ele ao Correio.
No site da OMB, até hoje, há apenas um balancete daquele ano, que, sem detalhar as despesas, diz que R$ 3,2 milhões é a soma do ativo, do passivo e do patrimônio líquido. A regional está sob intervenção. O presidente da comissão provisória em São Paulo, o baterista Márcio Teixeira, confirma que a transparência está devendo. ;Há muito o que se apurar, assim como há muito o que se fazer para que a OMB, a nível nacional, se ajuste à legislação atinente, de forma eficiente, e responsável, inclusive em cumprimento da transparência.;