Grandes áreas
Ao apresentar esses dados no seminário de quinta-feira (6/10) em Brasília, o Inpe apontou que voltaram a ocorrer grandes polígonos de desmatamento, que tinham ficado mais raros nos últimos anos. Com o avanço dos mecanismos de comando e controle desde 2008, a derrubada de grandes porções de floresta foi diminuindo, porque é muito mais fácil de ser detectada por satélite e pela fiscalização. Os cortes passaram a ser feitos em menores áreas, o que era uma explicação para a dificuldade de reduzir mais a taxa total.
Thelma, que coordena a nova fase do plano de combate ao desmatamento (PPCDAM), reconhece que vêm ocorrendo problemas na fiscalização desde 2014. Cortes no orçamento atingiram o Ibama e ela acredita que houve "percepção de falta da presença do Estado na Amazônia", mas diz que existe uma sinalização do governo Temer de que vai voltar a apoiar a fiscalização e o controle. Segunda ela, a nova fase do PPCDAM vai trazer mais um eixo de atuação: instrumentos econômicos para incentivar o produtor a não desmatar. E um esforço de fiscalização concentrado nas áreas que mais têm sido desmatadas: florestas públicas sem destinação, terras privadas e assentamentos rurais.
Paulo Moutinho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), um dos representantes da sociedade civil no seminário, afirmou que, se a alta se confirmar, o País estará diante de uma encruzilhada. "Ou toma ações definitivas para acabar de uma vez com o desmatamento, criando alternativas até para o corte legal, como novas formas de rendimento, ou vamos ver essa retomada da perda da Amazônia com agravante que não tínhamos antes."
Ele se referiu ao aquecimento global. "Desmatamento e mudança do clima combinados trazem seca e causam um processo extra de degradação que pode mudar mais rápido o clima na região, afetando até mesmo a principal fonte de PIB do Brasil, que é o agronegócio", disse.
O Ipam destacou a necessidade de agir em vários pontos: criar salvaguardas criteriosas para obras de infraestrutura na região, implementar o Código Florestal e agir nos assentamentos, pois "30% do desmatamento está neles". "Tem de criar incentivos para que o pequeno produtor não migre para o ;agronegocinho;", diz Moutinho.