Jornal Correio Braziliense

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Complexo da Petrobras em Pernambuco entra em greve contra venda

Segundo a sindicalista, cerca de 80% dos funcionários operacionais da Petroquímica estão parados

Trabalhadores concursados do Complexo Industrial Químico Têxtil de Pernambuco, subsidiária integral da Petrobras, localizada em Suape, na Região Metropolitana do Recife, entraram em greve contra a venda da estrutura para a empresa mexicana Alpek e pela garantia da manutenção dos empregos de cerca de 300 pessoas.

A parte operacional da Petroquímica Suape (PQS) já paralisou os serviços ontem (08) e os funcionários da Companhia Têxtil de Pernambuco (Citepe) fazem assembleias hoje (09), em vários turnos, para iniciar a greve na sexta-feira (12). As duas empresas compõem o complexo, de propriedade da Petrobras. Uma produz o ácido tereftálico purificado, conhecido como PTA, e a outra fabrica polímeros e filamentos de poliéster e resina para embalagens PET.

No dia 28 de julho a diretoria executiva da estatal aprovou o andamento de negociações com a gigante mexicana ; uma das maiores empresas do setor no mundo, segundo a Petrobras. O prazo para conduzir as discussões sobre a venda com exclusividade é de 60 dias, prorrogável por mais 30 dias. A venda do Complexo faz parte do plano de desinvestimentos 2015-2016 da estatal.

Desde que começou a operar (até hoje, de forma incompleta), o complexo vinha dando prejuízo à Petrobras. O balanço de 2015 das empresas, divulgado em abril deste ano, aponta prejuízo líquido de R$ 807 milhões da Petroquímica Suape, e de R$ 817 milhões da Citepe, mas um crescimento expressivo da receita líquida em relação ao ano anterior. De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas de Ipojuca (Sindipetroquímica de Ipojuca/PE), Júlia Renvenuto, os trabalhadores são contrários à venda porque avaliam que há viabilidade econômica no projeto.

;A empresa foi negociada, vazou o valor de R$ 2 bilhões. O custo da empresa na construção já foi mais de R$ 6,5 bilhões. Eles estão entregando o patrimônio a um preço muito aquém, um terço do valor de custo, justamente quando começa a apresentar lucro;, argumenta Renvenuto.

Segundo a sindicalista, cerca de 80% dos funcionários operacionais da Petroquímica estão parados. Como há terceirizados na área-fim da empresa ; cerca de 60 pessoas, de acordo com Júlia ; uma parte do complexo ainda está funcionando ; o que seria apenas uma questão de tempo. ;A unidade de produção de PTA está parada, e das duas linhas de produção de PET, uma está parada. A segunda deve parar por falta de estoque da matéria-prima, que é o PTA;, afirma Julia Renvenuto.

A preocupação dos funcionários concursados do complexo também envolve a manutenção dos empregos, caso a venda seja concretizada. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústria de Fiação e Tecelagem de Ipojuca e Região (Sinditêxtil de Ipojuca/PE), Rodrigo Rafael dos Santos, acusa a falta de comunicação clara sobre o possível futuro dos empregados. Ele acredita também que todo o acúmulo de discussão de direitos e benefícios pode ser perdido a partir do repasse à iniciativa privada.

;Na última reunião com a diretoria, íamos discutir acordo coletivo, jornada de turno, melhoria das condições de trabalho, fatores econômicos e sociais, mas a empresa disse que não poderia fazer qualquer negociação agora, porque está num processo de venda. Isso coloca em cheque tudo o que discutimos ao longo do tempo;, reclama Rodrigo, que avalia que 60% a 70% dos funcionários representados pelo sindicato devem aderir à greve.

Pautas econômicas também fazem parte das reivindicações dos trabalhadores, incluindo reajuste de benefícios, como plano de saúde, pagamento de adicional noturno e de 30% de periculosidade para funcionários que não recebem e a regularização de turnos de jornada.

A Agência Brasil procurou as companhias envolvidas para que confirmem os números e apresentem sua posição. Por meio de assessoria de imprensa, a PQS PE, nome fantasia do complexo, informou que a resposta da empresa seria apresentada pela Petrobras, controladora da subsidiária. A estatal informou, também por meio da assessoria, que trabalha em uma posição para a reportagem.