Jornal Correio Braziliense

Brasil

Opinião: O assombro do bem



Minha memória do esporte está definitivamente atrelada às imagens que vi de jogos olímpicos passados, de copas do mundo, de competições esportivas em geral. Comecei a gostar de esporte aos 9 anos, ao assistir a momentos eternos pela televisão ou nas arquibancadas do estádio, onde me afeiçoei para sempre ao meu Santa Cruz. Ganhei ali emoções para uma vida inteira e continuo a ganhar cada vez que prego os olhos num atleta diante de seu desafio. Jamais esquecerei ; e acho que todos os meus contemporâneos neste mundo também se recordam ; da imagem da suíça Gabriele Andersen chegando para completar a maratona nas Olimpíadas de Los Angeles, a primeira vez que a prova feminina foi incluída nos jogos, em 1984. Diante dos nossos olhos, ela caminhava com dificuldade, se contorcendo, cheia de dores e cãibras, para cruzar a linha de chegada num estado de completa exaustão. Creio que hoje poucos se lembram de quem ganhou a medalha, mas jamais seremos capazes de apagar o épico esforço daquela atleta. Um exemplo de determinação para a eternidade.

Certamente, teremos a chance de ver de perto imagens de tirar o fôlego. E isso precisa ser valorizado. Esses homens e mulheres, gigantes só por terem conseguido estar aqui, precisam ser recebidos com carinho e alegria. Precisam ser vistos como heróis cotidianos, como exemplos para as crianças. O esporte salva, é vibrante. Que todos nós nos inspiremos no espírito olímpico ao menos nestas três semanas. Deixemos os medos e a covardia de lado. Sejamos épicos.