Indígenas da etnia guarani-caiová voltaram a ser alvo de ataques de pistoleiros em Caarapó, Mato Grosso do Sul. Um homem de 32 anos e dois jovens de 15 e 17 anos foram baleados na noite de segunda-feira (11/7). Os crimes ocorrem em meio a um processo de demarcação e reconhecimento de terra de povos tradicionais da região.
Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), homens armados em quatro caminhonetes e um trator atacaram os indígenas que estavam acampados no "tekoha guapoy", terra indígena localizada na região de Dourados.
O ataque dos pistoleiros ocorreu no mesmo município onde foi assassinado o agente de saúde Clodiodi de Souza, há menos de um mês. Os tiros acertaram um adulto de 32 anos e dois jovens, um de 15 e outro de 17 anos. Um deles está em estado grave e até o início da tarde desta terça-feira (12/7) não tinha sido encaminhado para o hospital, permanecendo em um posto de atendimento da própria aldeia.
O jovem de 17 anos foi atingido no braço e tronco. Uma bala está alojada no tórax e, de acordo com o Cimi, a vítima corre risco de complicações. O ataque ocorre menos de um mês depois de a Força Nacional de Segurança reforçar sua presença na região, por ordem do Ministério da Justiça.
A decisão foi tomada após o ataque de 14 de junho. Naquele dia, além do assassinado de Clodiodi de Souza, outros seis indígenas foram baleados. Uma criança guarani-caiová, Josiel Benites, de 12 anos, também foi baleada na barriga e levada gravemente ferido para o hospital. Todos sobreviveram.
Os indígenas de Caarapó enfrentam uma ordem de reintegração de posse e uma sequência de ataques a mando de madeireiros e grileiros de terras. No dia 19 de junho, indígenas relataram que foram novamente atacados a tiros por homens em caminhonetes, mas ninguém ficou ferido.
"Esse novo ataque só reafirma o total descaso do poder público com os povos indígenas, uma vez que a Força Nacional supostamente estaria na região para defender os guarani, mas sua presença não evitou a investida criminosa contra a comunidade", disse Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA). "Enquanto perdurar a impunidade, não haverá paz para os guarani "
Incêndio em Dourados
Outra ação contra os indígenas ocorreu em região próxima ao centro de Dourados. Depois de serem despejadas na semana passada da comunidade indígena de Apyka;i, famílias que haviam ocupado uma área ao lado da BR-463 tiveram seus pertences queimados.
A indígena Damiana Cavanha, que lidera a comunidade, espera há anos a demarcação da terra, ocupada por plantações de cana. Na região, foram enterradas várias pessoas de sua família.