O estudante Diego Vieira Machado, de 29 anos, assassinado no sábado (2/6) no câmpus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, na zona norte da capital fluminense, estava com medo de continuar morando no alojamento universitário por ter recebido ameaças por ser gay, disse seu irmão Maycon Machado, nesta segunda-feira (4/6).
"Ele não tinha medo de dar as suas opiniões. Batia de frente, argumentava. Sofria bullying desde a infância por ser gay, por ter cabelo grande, por ter um estilo diferente", contou. "Mas agora a violência parecia real e ele ligou para minha tia para pedir dinheiro e poder sair do alojamento."
A família é de Belém, no Pará, e não via o rapaz desde 2013, pois ele não tinha dinheiro para voltar e fazer uma visita.
Diego morava no Rio desde 2011 e começou o curso de Letras na UFRJ em 2012. Entrou pelo sistema de cotas. "Ele tinha o sonho de morar no Rio de Janeiro. Sempre foi estudioso e a nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) seria suficiente para entrar em faculdades de outros Estados, mas queria o Rio", comentou o irmão.
O estudante foi encontrado no sábado na Baía de Guanabara, dentro do câmpus. O corpo tinha sinais de espancamento e estava sem a calça, mais um indício de crime motivado por homofobia. No dia 7 de abril, em seu perfil no Facebook, ele havia denunciado o caso de um rapaz violentado por seguranças que trabalhavam nas obras de construção de um campo de rúgbi, dentro do câmpus, que servirá para treinamento de atletas da modalidade para a Olimpíada.
Segundo o estudante, a vítima era gay e foi violentado com um cabo de vassoura. "Nossa segurança interna não registrou a ocorrência. E usaram desculpas do tipo ;Mas o que você estava fazendo aí?;", escreveu Diego Machado.
O assassinato está sendo investigado pela 37; Delegacia de Polícia (Ilha do Governador) e pela Divisão de Homicídios. O traslado do corpo para o Pará está sendo tratado por amigas da universidade com apoio da reitoria. O enterro será no Estado em que ele nasceu.
"Não conseguimos entender. Ele não fazia mal a ninguém", disse Maycon.