Jornal Correio Braziliense

Brasil

Estupro coletivo: saída de jovem do RJ prejudica investigação, diz delegada

Promotor requisita investigação de delegado afastado de caso de estupro de adolescente de 16 anos. Um dos suspeitos se entregou ontem



Contradição
O ex-cinegrafista Raphael Duarte Belo, de 41 anos, acusado de ter participado do estupro coletivo entregou-se na manhã de ontem à polícia. Em carta postada nas redes sociais, ele nega participação no estupro e pede desculpas por ter feito a foto ao lado da jovem nua. Na carta, ele disse que foi à boca de fumo no domingo, dia 22, pedir autorização para realizar uma matinê na Quadra do Francão, local onde ocorrem bailes funks. Estava acompanhado por Raí de Souza, de 22 anos, outro acusado do crime e já preso. ;Ao chegar a um beco, à direita, estava a casa abandonada, aberta, toda suja, fedendo a fezes e com uma mulher nua;, escreveu Belo, que trabalhou como cinegrafista em uma tevê até 2015, quando foi demitido. Ele hoje é dono de um lava a jato.

De acordo com Belo, havia um rapaz no local, conhecido como Jefinho (identificado por Raí de Souza como traficante). Ele teria dito: ;Tem uma mulher aí que não quer ir embora, está desde o dia do baile;. ;Entramos os três. Ela estava deitada, nua, dormindo, muito suja, e com os cabelos embolados. Parecia uma ;cracuda; ou mendiga. O Raí puxou o celular e começou a gravar, ela começou a se mexer e acordar. Aí paramos e fomos embora.; O ex-cinegrafista escreveu que ;foi mais uma zoação, brincadeira; e que eles não a machucaram. Raí deu outra versão à polícia. Contou que manteve relações sexuais com a adolescente e teria voltado à favela por estar preocupado com ela. Segundo a sua versão, Jefinho teria feito as imagens e não ele.

Na carta, Belo relata ainda que, na quarta-feira, dia 25, ele almoçava na porta de um serralheiro, quando um carro HB20 deixou uma mulher desacordada na calçada. Ele teria comprado garrafa de água e tentado fazer com que ela despertasse. Moradores teriam dito que a jovem já havia desmaiado outras duas vezes e que seria a mesma pessoa que estava na casa conhecida como ;abatedouro;.