A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, apelou para que o novo governo brasileiro mantenha os planos de luta contra o vírus zika e alerta que, ainda que o ministro mude na pasta de Saúde no Brasil ou que haja uma nova estratégia, a situação não.
"Tomei nota da mudança no Brasil. Mas as evidências não mudam. Governos mudam, mas a ciência, não. Esperam que continuem o que vinha sendo feito", declarou a diretora, insistindo que o combate está longe de ser declarado como encerrado. "Quanto mais aprendemos de zika, mais preocupados ficamos", disse Chan, lembrando que o risco mudou ao longo dos anos.
Segundo ela, um dos principais desafios do governo a partir de agora será o de lidar com o impacto de longo prazo do impacto do zika e da microcefalia. "O sistema de saúde terá de ser reposicionado", disse, ao responder ao Estado. "Existem alguns sistemas de saúde que são bons para lidar com emergências. Mas agora os governos precisam monitorar com essas crianças afetadas vão crescer."
[SAIBAMAIS]"Já estamos tendo notícias de algumas delas com problemas de audição, visual", explicou. "Temos de avaliar como será o impacto no desenvolvimento delas." Isso, em sua avaliação, exigirá um plano de "longo prazo".
Olimpíada
Sobre os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Chan tem sido pressionada por especialistas que apontam que a OMS deveria recomendar o adiamento do evento, diante do vírus. Mas não apenas rejeitou a proposta como garantiu que estará no Rio. "Vai ser fantástico", disse.
Seu objetivo é o de mostrar que não existe motivo para um cancelamento. Mas, ao dar sua avaliação sobre o evento, ela apenas recomenda que mulheres grávidas devam evitar o Rio. "Grávidas devem evitar viajar aos locais com transmissão", disse, lembrando que a decisão de ir ou não ao Rio deve ser algo pessoal.
"Compartilho das preocupações. Mas essa é uma decisão individual ou de grupo. Nosso papel é o de dar a melhor informação possível", afirmou. Ela, porém, rejeita qualquer ideia de adiar o evento. "Não podemos parar o mundo", disse. "Estamos apoiando o Brasil diretamente e por meio do COI (Comitê Olímpico Internacional) para que coloquem medidas para reduzir a densidade de mosquitos "
Em sua avaliação, a melhor forma de lidar com o problema hoje no Brasil é o de tomar medidas focadas, como a de evitar a viagem de grávidas e reduzir a densidade de mosquitos nos locais de provas. "Sentimos que ter metas é importante", declarou.
Parte da recomendação também é dirigida para homens que irão aos Jogos e, na volta a seus países de origem, podem trazer o vírus com eles. "Ao retornar, esses homens precisam usar preservativos em suas relações sexuais, principalmente se suas mulheres estiverem grávidas. Sugerimos que o uso de preservativo seja permanente até o final da gestação. Ou que haja uma abstinência", declarou a diretora-geral da OMS. "Mas, mesmo em casais que não estejam esperando um filho, recomendamos que preservativos sejam usado ao retornar de locais contaminados."