Cerca de 51% dos brasileiros acham que filmes e programas televisivos incentivam o desrespeito e o assédio a mulheres em ambientes de trabalho. Quase metade deles acredita que os programas de entretenimento têm impacto negativo nas práticas de assédio a mulheres nos locais de trabalho. Cerca de 73% sentem que as mulheres são mostradas de maneira exageradamente sexualizadas no cinema e na TV, ;reduzidas a seios e bundas;, com poucas roupas e pouco inteligentes. Os dados fazem parte da pesquisa ;Investigação sobre o impacto da representação de gênero no cinema e na televisão brasileira;, divulgada hoje (7) pelo Instituto Geena Davis, que há mais de dez anos se dedica a estudar e ampliar a presença da mulher no audiovisual no mundo.
A apresentação do trabalho foi feita hoje (7) na sede do sistema Firjan, no centro do Rio de Janeiro e contou com um painel de discussão sobre gênero na mídia e maior participação da mulher na cadeia produtiva do setor audiovisual. Concluído no ano passado, o estudo ouviu cerca de 2 mil pessoas, e foi dividido em dois momentos. Na primeira etapa, foram feitos grupos para elaboração das perguntas e, depois, uma pesquisa quantitativa por todo o Brasil.
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[SAIBAMAIS]O estudo aponta, também, que aproximadamente 65% das mulheres brasileiras têm dificuldade de se identificar com os personagens femininos retratados no cinema e na televisão.Quase 70% dos entrevistados acham que as mudanças positivas no país para a igualdade de gênero, como conquistas profissionais e mais autonomia financeira, são pouco retratadas no cinema e na TV.
Um dos coordenadores da pesquisa, João Feres, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) explicou que a população está mais alerta para os estereótipos dos papéis femininos e masculinos que ainda persistem na mídia brasileira.
;Os entrevistados da pesquisa qualitativa veem os personagens femininos ainda muito presos aos papéis tradicionais de dona de casa, doméstica. As mulheres nunca estão no poder, são sempre os homens;, disse. ;Os homens também consideram os papéis masculinos estereotipados, de machão;, afirmou, ao destacar que a glorificação da hipermasculinidade foi uma das críticas feitas pelos entrevistados.
Segundo o estudo, quase dois terços (63%) dos brasileiros demonstram preocupação com os padrões de beleza mostrados no cinema e na televisão, que, segundo eles, são irreais. Por outro lado, mais de 60% da população acham que a exposição da violência doméstica no cinema e na TV pode ajudar a reduzir essa prática nos lares brasileiros, mas que é importante mostrar o fim da impunidade em relação aos crimes de violência.