Jornal Correio Braziliense

Brasil

Médico veterinário que atende de graça recebe apoio de políticos

Ainda assim continua proibido de atender animais gratuitamente em sua clínica na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo

O médico veterinário Ricardo Fehr Camargo ganhou apoio dos políticos e de milhares de pessoas na internet. Ainda assim continua proibido de atender animais gratuitamente em sua clínica na cidade de São Carlos, no interior de São Paulo. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) divulgou nota para informar que mantém a proibição, que estaria prevista no Código de Ética da categoria.

O veterinário também pode ter o registro cassado e, para piorar, o órgão ameaça agora fechar sua clínica em 30 dias, porque ela estaria irregular. O assunto virou polêmica após o profissional divulgar um vídeo no qual um fiscal do CRMV vai a seu local de trabalho e informa sobre a proibição de atender de graça. Milhões de pessoas já viram a filmagem e até uma página de defesa do trabalho foi criada nas redes sociais.

Na Câmara Municipal de São Carlos foi aprovada por unanimidade na terça-feira, 2, uma moção de apoio a Fehr, que ao lado de sua mulher - também veterinária -, atendia de graça aos sábados os animais de pessoas carentes. "O serviço prestado é de extrema importância para o município", afirmou o vereador Ronaldo Lopes (PT), autor da propositura.

[SAIBAMAIS]Nesta quarta-feira, 3, foi a vez de a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) se colocar a favor do veterinário. O deputado estadual Cauê Macris (PSDB) pediu a convocação do presidente do CRVM, Mario Eduardo Pulga, para dar explicações sobre o ocorrido. "Proibir aqueles que querem ajudar os cães, de maneira gratuita, nos causa estranheza", disse o parlamentar.

Após a proibição, o veterinário reclamou, e 60 mil pessoas já constam em um abaixo-assinado online em seu favor. "Eu acho que quem tem que saber se é um serviço de utilidade pública é a população", reclamou o profissional.



Sem volta
Mesmo diante da grande repercussão do caso, o conselho confirmou ter fiscalizado a clínica e que não pretende rever sua posição. De acordo com o órgão, o veterinário deve "seguir toda a legislação pertinente à atuação profissional", que proíbe "a prestação e divulgação de serviços gratuitos". O CRMV alegou ainda que o estabelecimento estava funcionando sem registro no órgão e que ações de utilidade pública podem ser realizadas somente por organizações não governamentais (ONGs) ou instituições públicas. "Lamentamos que profissionais que estão no mercado desconheçam a legislação."

Saída
Mesmo com a petição na internet que cobra mudanças, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) - maior órgão da categoria no País - informou que as normas do Conselho de Ética não deverão sofrer alteração. De acordo com a entidade, o abaixo-assinado não terá efeito e nem será levado em consideração. Como alternativa, Fehr já iniciou os preparativos para abrir uma ONG para poder realizar os atendimentos. A instituição está sendo criada com a ajuda de apoiadores, e a expectativa é de que passe a operar nos próximos meses.