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Escola de samba do Rio Janeiro vai promover panelaço na Sapucaí

Com o enredo "Mais de mil palhaços no salão", a São Clemente relembrará críticas à presidente Dilma durante pronunciamentos oficiais na tevê

"Faz parte do carnaval ter uma pitada de crítica, mas não pode ser demais. É para as pessoas se divertirem", disse a carnavalesca, sem querer antecipar mais detalhes sobre o panelaço. Ela também foi comedida ao comentar as manifestações contra o governo federal. "Eu não bati panela, moro num lugar de mata, onde ninguém ouve nada. Mas bateria com certeza. O supermercado está um absurdo, a conta de luz, está tudo muito caro. Mas prefiro não dar minha opinião sobre o governo. Eu, como pessoa física, tenho inteira liberdade para ter a opinião que eu quiser, mas não quero prejudicar a escola".

Fundada em 1961, a São Clemente autodenomina-se irreverente (já fez rima com seu nome em letra de samba) e fez carnavais satirizando mazelas nacionais, sempre com bom humor. Em 1984, com o enredo "Não corra, não mate, não morra: o diabo está solto no asfalto", abordou a violência no trânsito. Em 1985, tratou do déficit habitacional no país, com "Quem casa quer casa". No ano seguinte, cantou "Muita saúva, pouca saúde, os males do Brasil são", sobre o caos na saúde.

A crítica ao próprio desfile das escolas samba veio em 1990, com o desfile "E o samba sambou", de reprovação ao encarecimento da festa e a comercialização do carnaval. Em 1992, "E o salário, ó...", frase tirada do humorístico "Escolinha do professor Raimundo", da tevê Globo, falava da falta de recursos para a educação. No ano de 2001, a escola reviu esse seu passado crítico no desfile "A São Clemente mostrou e nada mudou nesse Brasil gigante".

Nos últimos anos, a escola tem preferido temáticas mais amenas. A contratação, no ano passado, da carnavalesca Rosa Magalhães, que já foi campeã sete vezes, deu força à escola. A agremiação, com uma torcida pequena entre as grandes do Grupo Especial. Nunca saiu vencedora.