Depois da melhor valorização em sete anos, com alta de quase 39% em 2016, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) abriu o novo ano em queda de 1,06%, aos 59.588 pontos, num pregão fraco. A movimentação foi de apenas R$ 1,876 bilhão, ante média de 21 dias de R$ 7,3 bilhões, por conta do feriado nos principais mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Japão e China. O dólar comercial teve alta de 0,98%, para R$ 3,282 na venda, ante uma queda de 17,7% em 2016, o maior recuo em sete anos.
Na opinião do economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa, 2016 foi um ano cheio de surpresas, com mudança de governo. ;Terminamos o ano com uma visão mais otimista sobre 2017 do que tínhamos em 2015 sobre o ano passado. Mas o novo ano será difícil ainda, com crescimento baixo, porém uma possibilidade de queda de juros e de redução da inflação;, avaliou.
[SAIBAMAIS]Sobre o pregão de ontem, Rosa destacou que o câmbio registrou ajustes pontuais e a queda dos juros futuros refletiram o fato de que capitais como São Paulo não deram reajuste às tarifas de transporte coletivo. O DI para janeiro de 2018 caiu de 11,54% para 11,465%, enquanto o DI para janeiro de 2019 recuou de 11,05% para 10,97%. Já o DI para janeiro de 2021 caiu de 11,34% para 11,23%.
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, 2016 foi um ano em que os ativos começaram muito baratos, com recuperação ao longo do ano. ;Lá fora, as commodities também se recuperaram, o que colaborou para 2016 ser um ano favorável para o mercado de capitais. Agora, para 2017 tenho minhas dúvidas;, alertou. Perfeito assinalou que a primeira queda do ano refletiu, sobretudo, a falta de orientação do mercado externo, com as principais praças fechadas. ;Para 2017, é preciso ficar atento, uma vez que alguns ativos já se valorizaram bastante e não teremos a repetição de altas de mais de 30% como em 2016;, disse.
Chow Juei, gestor de Recursos da Spinelli Corretora, compartilha da mesma opinião sobre 2016. ;Foi um ano atípico por conta do cenário político, o que resultou numa virada com ganhos. Mas não acreditamos que 2017 possa repetir o bom desempenho;, afirmou. Segundo ele, a retomada da confiança depende de resultados efetivos na economia, que foi muito abalada entre 2012 e 2015. ;Estamos otimistas, mas nem tanto. É preciso considerar o efeito Donald Trump e a incerteza global que ele gera;, destacou.
Dividendos
O gerente de Relacionamento Institucional da consultoria Economatica, Einar Rivero, fez um levantamento sobre as ações que devem ser boas pagadoras de dividendos em 2017, comparando com os papéis que melhor remuneraram os acionistas em 2016. ;O setor com maior representatividade no ano passado foi o de bancos com 6 instituições, seguido pelo setor de energia elétrica, com três papéis. A ação que melhor remunerou em 2016 foi a Comgas, com 29,85% de dividendos;, ressaltou.
Para chegar na lista de ativos que melhor poderão remunerar em 2017, a Economatica fez o levantamento considerando que o lucro das empresas nos nove meses de 2016 (janeiro a setembro), último dado disponível no mercado, seja igual ou superior a 90% dos ganhos nos 12 meses de 2015. ;Avaliamos a política de distribuição de dividendos e somente ações que, em 2016, movimentaram mais de R$ 1 milhão em média por dia;, explicou o especialista.
A lista das ações mais atraentes para 2017 segundo a Economatica considera papéis com expectativa de ganhos em dividendos superior a 3% e contempla empresas de seis setores diferentes.