O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) começa a convocar a partir de janeiro donos de imóveis fechados e de lotes vagos para que seja feita vistoria contra focos do Aedes aegypti. Essa é uma das várias parcerias do grupo executivo formado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para acabar com criatórios do transmissor da dengue, febre amarela, chikungunya e zika vírus. De acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil (Comdec), coronel Alexandre Lucas, foi feito um acordo com a Promotoria de Urbanismo e do Meio Ambiente, que vai convocar os proprietários de casas fechadas e de lotes que não forem limpos. Esse é um dos vários desdobramentos do decreto que oficializa o estado de emergência na cidade para combate ao vetor, antecipado pelo Estado de Minas, e publicado ontem no Diário Oficial do Município, determinando um esforço conjunto de pelo menos seis meses contra o inseto. Uma das metas é vistoriar 100% dos imóveis da cidade até janeiro, conforme meta estipulada pelo Ministério da Saúde.
[SAIBAMAIS]Por causa da situação de emergência de saúde pública, devido à grande ocorrência de microcefalia, doença que pode estar associada a gestantes que tiveram contato com o zika vírus, e por ser um período do ano favorável à infestação do mosquito, a Comdec vai trabalhar com três pilares, segundo o coronel Lucas. O primeiro é o da comunicação: ;Vamos usar os painéis da BHTrans, os visores do Move, as vinhetas do telefone 156 da prefeitura e faixas de pano em bairros de maior ocorrência de casos de dengue, informando que o bairro está infestado com o mosquito Aedes aegypti;, disse o coronel.
O segundo pilar é o da mobilização, segundo o coordenador da Defesa Civil. ;Vamos mobilizar toda a sociedade para que faça a proteção comunitária. O prefeito se reuniu com pastores evangélicos, padres católicos e outros líderes religiosos para conclamá-los a liderar uma guerra semanal contra o mosquito;, disse o coronel. Na reunião, segundo ele, ficou acertado que os fiéis serão convocados semanalmente para que façam vistorias em suas residências. ;A mobilização envolve também entidades de classe. Estamos recebendo apoio do Sindicato dos Corretores de Imóveis, pois esase profissionais visitam casas fechadas pelo menos sete vezes em um dia. A ideia é que eles possam pelo menos dar descarga em vasos sanitários que estejam abertos nessas casas;, disse. Grupos de escoteiros e associação de reservistas também são convocados para ajudar na guerra ao mosquito.
Os setores industrial e da construção civil também serão parceiros, segundo o coronel. Por meio das reuniões que acontecem diariamente das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), os trabalhadores serão orientados, pelo menos uma vez por semana, a proteger suas casas contra o mosquito. ;São dez minutos antes de começar o trabalho. Eles se reúnem e falam sobre algum tipo de segurança de trabalho. Queremos colocar a prevenção nesses diálogos de segurança, pelo menos uma vez por semana. Precisamos ensinar às pessoas que elas precisam olhar vasos sanitários, ralos, cantos, calhas e se a caixa-d;água está fechada. Toda semana é preciso fazer uma checagem;, acrescentou.
Alarme
Uma novidade, segundo ele, é que a PBH, via Prodabel, está desenvolvendo um aplicativo de celular que vai lembrar a população sobre essa necessidade. O serviço começa a ser testado no fim da semana que vem, para começar a funcionar no início de janeiro. ;O aplicativo vai lembrar a pessoa toda semana de que ela tem que fazer um check-list. O aplicativo vai despertar e avisar que é hora de eliminar os focos do mosquito e sugerir o que deve ser checado;, disse o coronel.
A terceira estratégia é a amplitude operacional. ;O nosso pessoal da Defesa Civil já atende o telefone 199 e manda vistoriadores para as casas para olhar riscos construtivos e geológicos. Agora, vai incluir a rotina de vistoria de dengue;, disse o coronel. O mesmo procedimento será adotado pelos servidores da Urbel e da fiscalização municipal. ;Vamos aumentar a capacidade operacional dos agentes de edemia, funcionários que fazem isso diariamente;, disse. Além disso, agentes comunitários de saúde vão dar apoio em determinadas operações desses mutirões. A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) vai agregar mais veículos e trabalhadores para a ação. ;Vamos trabalhar em cima de mapas de contaminação. A partir das áreas mais infectadas para as outras áreas vamos reforçar esse trabalho;, disse.
Mas, para o coronel, de nada vai adiantar o trabalho da prefeitura e dos governos estadual e federal se cada um não fizer a sua parte. ;Não podemos condenar uma geração inteira à microcefalia. A gente não permitir que alguém da nossa família fique numa cadeira de rodas, que a dengue mate pessoas ao nosso redor. Qualquer denúncia deve ser feita pelo telefone 156;. orienta o coronel.