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Agência Nacional diz que água do Rio Doce não está contaminada

Foram analisadas amostras de água e sedimentos de 25 pontos, desde o epicentro do desastre, em Mariana (MG), até a foz do Rio Doce, em Linhares (ES)



Curiosamente, as concentrações mais altas de arsênio, manganês e ferro encontradas nesse monitoramento estavam no Rio do Carmo, em locais não afetados pelos rejeitos da barragem. "Esses valores anômalos são compatíveis com as características geológicas de áreas do Quadrilátero Ferrífero, como na região entre Ouro Preto e Mariana", diz o Relatório 2. "As amostras de água coletadas ao longo do Rio Doce não evidenciaram a presença de metais dissolvidos em quantidades que possam ser consideradas como contaminadas", conclui.

Composição da lama
Também não foram detectadas concentrações tóxicas de metais pesados em amostras da lama coletadas no entorno da barragem e no distrito de Bento Rodrigues. A mortandade de peixes ao longo dos rios teria sido causada não por toxicidade dos rejeitos, mas pela elevada concentração de sedimentos (turbidez) na água durante a passagem da lama, que reduziu a concentração de oxigênio dissolvido na água e também "entupiu" as guelras dos peixes, fazendo com que morressem asfixiados.

Algumas análises contratadas por municípios e realizadas por cientistas independentes, porém, detectaram concentrações elevadas de alguns metais (como arsênio e chumbo) em alguns pontos da Bacia do Rio Doce. Segundo Manoel Barretto da Rocha Neto, diretor-presidente do CPRM, a diferença deve-se ao fato de os cientistas terem medido a concentração total de metais (em suspensão e dissolvidos), enquanto o CPRM mede apenas a porção dissolvida. "É uma sistemática de trabalho que usamos há mais de 40 anos, no Brasil inteiro", explicou ele, em entrevista. O valor total, segundo o geólogo, depende da turbidez, que ficou extremamente elevada com a passagem da onda de rejeitos, mas que tende a cair e voltar à normalidade à medida que os sedimentos forem carregados para o oceano.

A Samarco sempre negou que os rejeitos fossem tóxicos. Mesmo posicionamento foi adotado pelas donas da mineradora, Vale e BHP Esta publicou o seguinte posicionamento no dia 26: "Os rejeitos que entraram no Rio Doce são compostos de materiais de argila e lodo, provindos da lavagem e processamento de terra contendo minério de ferro, que é naturalmente abundante na região."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.