Alunos à frente das ocupações das escolas estaduais classificaram ontem a suspensão da reorganização da rede e a queda do secretário da Educação, Herman Voorwald, como uma "manobra" do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para acabar com as invasões e enfraquecer o movimento. Eles exigem a revogação do decreto que estabelece a mudança - o que deve ser feito hoje - antes de desocupar as escolas e querem punição aos PMs que acusam de agir de forma violenta nos protestos. O governo informou que os casos serão discutidos individualmente.
Um comunicado foi feito ontem pelo comando das ocupações. A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, afirmou que as invasões devem continuar - ontem, 196 escolas estavam tomadas no Estado, de acordo com a Secretaria da Educação. "Não estamos convencidos dos argumentos do governo. Uma coisa é o Alckmin dizer para a mídia que vai suspender, outra é ele de fato revogar."
Ela criticou o argumento de que 2,9 mil salas de aula estariam ociosas e, por isso, a reorganização seria necessária. "Não estamos convencidos. A ociosidade é resultado do abandono das escolas. Não vamos desistir ou nos retirar das ocupações."
A porta-voz dos estudantes da Escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste, Mariah Alessandra, de 18 anos, diz que o governo quer desviar o foco das invasões que, para ela, devem continuar. "É uma manobra para enfraquecer o movimento." Segundo ela, os estudantes vão participar das audiências públicas com o governo e querem que seja estabelecido um cronograma para elas. Eles decidiram ainda marcar um protesto para quarta-feira.
Para Vanessa Alves, de 16 anos, do grêmio estudantil da escola Brigadeiro Gavião Peixoto, a maior do Estado, em Perus, na zona oeste, Alckmin quer apenas parar o movimento, pois mais escolas seriam ocupadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.