Jornal Correio Braziliense

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Amostras de leite adulterado em PE tinham soda cáustica e água oxigenada

Quatro indústrias de laticínio são investigadas no estado; operação também suspeita de conivência do Ministério da Agricultura no processo de adulteração

Soda cáustica, água oxigenada, salmonela e até bactéria que causa meningite foram alguns dos elementos encontrados em amostras de leite e derivados na perícia prévia que a Polícia Federal (PF) fez em Pernambuco, dentro da Operação Longa Vida, deflagrada nesta sexta-feira (4/12). Quatro indústrias de laticínios localizadas no estado são investigadas. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas empresas e mais de 30 mandados de condução coercitiva para reunir mais informações sobre as suspeitas.

Segundo a delegada federal Carla Patrícia, a investigação começou em março a partir de uma notícia-crime do Ministério da Agricultura que denunciava a adulteração de leite para comercialização. Além, da notícia-crime, havia cerca de 20 queixas de consumidores na ouvidoria do ministério. Desde então, foram feitas diligências para identificar em qual elo da cadeia produtiva ocorria a adulteração. As amostras que continham substâncias impróprias eram as de produtos disponíveis em supermercados.

A delegada informou que a polícia esteve hoje nas indústrias investigadas para tentar descobrir o motivo da adulteração. Segundo a delegada, existem duas formas de tirar proveito econômico do leite adulterado. "Em uma delas, acrescenta-se água, o que faz com que o leite perca valor nutricional. Esse tipo de adulteração está previsto no Código Penal. A outra forma é quando o leite está estragado e há um processo químico para evitar a percepção desse processo. Aí, para obter o efeito de ;leite bom;, coloca-se soda cáustica, água oxigenada e várias outras substâncias;, explicou Carla Patrícia.

Os produtos apreendidos hoje nas indústrias investigadas passarão por análises para verificar, com precisão, quais substâncias foram usadas na adulteração do leite. De acordo com a delegada, por determinação judicial, os nomes das empresas não serão divulgados até a conclusão dos trabalhos.

A Operação Longa Vida também investiga a suspeita de conivência de servidores do Ministério da Agricultura no processo de adulteração do leite. A Polícia Federal verifica se houve omissão na fiscalização dos itens que foram liberados para comercialização. A assessoria de imprensa do ministério informou que está avaliando a situação e deve se posicionar em breve.