O pedido feito pela Associação Cedro do Líbano de Proteção à Infância, em São Paulo, para que as alunas usassem cabelo "liso e solto" durante um evento de Natal não teria ocorrido pela primeira vez, segundo relato de uma mãe que tem duas filhas matriculados na instituição. A mulher, que preferiu não se identificar para preservar a identidade das meninas, relatou que uma professora já havia dito a ela que "cabelo crespo tem aparência de sujeira" e, por isso, pede que as alunas usem "chapinha para ficarem ainda mais bonitas" nos eventos escolares.
Em conversa com o Correio, a mãe contou que em 2013 foi sugerido durante reunião de pais o "penteado liso" para apresentação de Natal. De acordo com ela, muitos pais consideraram preconceituosa a atitude da escola, mas nunca tiveram coragem de falar por medo dos filhos serem maltratados.
Procurada pela reportagem, a instituição disse "que desconhece a informação e repudia qualquer forma de discriminação e racismo", mas que, como não sabe o nome da mãe, não tem como checar o caso específico relatado.
Entenda
A escola de São Paulo recebeu diversas críticas de pais e internautas depois de ter um comunicado da instituição postado em redes sociais, na terça-feira (1;/12). No bilhete, encaminhado às famílias dos alunos de até 4 anos, foi solicitado que as meninas fossem de cabelo "liso e solto" para a apresentação de Natal. Segundo o pedido, com a colaboração dos pais, as meninas ficariam "ainda mais bonitas".
O recado repercutiu e muitos acharam a a atitude preconceituosa e ofensiva contra crianças que não têm o cabelo naturalmente liso. Frases como "isso é um absurdo"; "quanto preconceito"; "minha filha não pode estudar nessa escola" e; "vocês estão em que século?" enchem a página da instituição. Outros saíram em defesa da unidade de ensino, afirmando que as pessoas não podem julgar a reputação da escola por um caso isolado.
Na página inicial do site, o colégio postou uma nota de esclarecimento. Segundo o texto, o comunicado foi enviado aos pais sem ter sido avaliado pela direção, tornando a atitude "equivocada e individual de um funcionário". A escola pede que isso "não represente a imagem da instituição, que repudia qualquer forma de preconceito;. Além disso, afirmam que medidas administrativas estão sendo tomadas.