Jornal Correio Braziliense

Brasil

Vale anuncia descoberta de arsênico, chumbo e outros metais no rio Doce

Segundo a mineradora esses metais tóxicos já estavam nas margens ou no leito do segundo maior rio do Brasil e foram removidos pela corrente de lama



O reservatório pertencia à empresa brasileira de mineração Samarco, detida em partes iguais pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.

Fundo "voluntário"
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, anunciou nesta sexta-feira a criação de um grande fundo voluntário para recuperar o rio, no qual participarão as três mineradoras. Seu valor total ainda não foi estabelecido.

"Será um fundo voluntário, um fundo de longo prazo (...) auditado por empresas internacionais", em que também participam entidades governamentais e não-governamentais, do setor público e privado, disse Ferreira.

O presidente da Vale foi criticado por responder tarde à tragédia assim. A primeira declaração após o desastre havia relatado que a Vale era apenas acionista da Samarco.

"O desastre foi extremamente doloroso para mim e todo o diretório" da Vale, argumentou Ferreira nesta sexta-feira.

"Estou com a alma triste e consternada" pelas vítimas e "estamos muito preocupados porque existem 5.200 pessoas que não sabem o que esperar do futuro", afirmou em referência aos empregados diretos e indiretos da Samarco na região. As operações da mineradora foram suspensas até que a investigação sobre as causas da tragédia sejam seja concluídas.

Competidoras
Ferreira e outros diretores da Vale disseram que as leis anti-monopólio da União Europeia - um dos destinos das exportações da Vale e da Samarco - pedem que eles se mantenham afastados da gestão dessa joint-venture, já que ambas produzem minério de ferro e o bloco as considera competidoras.

"Em quatro anos nunca fui aos escritórios da Samarco em Mariana, não os conhecia (...) Não sabemos que são seus clientes, nem seus preços. Não temos uma interferência direta na Samarco porque não podemos", argumentou, se eximindo de toda responsabilidade direta no desastre.

O número um da Vale lembrou que dois dias após o rompimento da barragem viajou para os arredores da cidade de Mariana e decidiu que a empresa deveria ajudar a Samarco no atendimento humanitário às vítimas, como maneira de mostrar "solidariedade".

A Vale tem apenas uma "responsabilidade subsidiária" com a Samarco, o que implica que caso a décima exportadora do Brasil não possa pagar suas dúvidas, seus acionistas (Vale e BHP) deverão assumi-las, explicou Clóvis Torres, diretor jurídico da Vale.

"A Samarco é uma empresa grande, tem recursos para pagar eventuais danos. Nós como acionistas tentamos entender o que ocorreu", agregou.