O diretor-executivo de Ferrosos da Vale, Peter Poppinga, afirmou que a mineradora possui 168 barragens em todo o Brasil - 143 da área de ferrosos e, dessas, 123 em Minas Gerais -, todas em boas condições. "Todas estão devidamente em conformidade com a legislação vigente", disse em coletiva de imprensa no Rio.
[SAIBAMAIS]Segundo Poppinga, as barragens de nível 1 (material com menor potencial de dano) e 3 (maior potencial de dano) foram vistoriadas em setembro de 2015. Após o acidente, a Vale decidiu fazer uma inspeção extraordinária em todas as instalações, sem encontrar irregularidades.
O gerente-executivo de planejamento estratégico da Vale, Lucio Cavalli, fez uma breve apresentação sobre como funciona o planejamento e o monitoramento das barragens. Segundo ele, a empresa tem realizado estudos sobre possíveis alternativas às barragens no tratamento dos rejeitos da mineração - uma delas seria transformar as substâncias em uma pasta. "Mas são tecnologias que estão em desenvolvimento, não têm viabilidade técnica comprovada", ressaltou.
Diante da ausência de uma alternativa já comprovadamente viável, Cavalli destacou que as barragens são necessárias à atividade mineradora. "Sem barragens, o Brasil não consegue manter o nível de produção atual", disse o gerente. Poppinga ressaltou ainda que, após o acidente, a Vale está debruçada sobre seus planos de ações emergenciais, verificando possibilidade de melhoria e conversando com órgãos competentes. "Estamos revendo todos os nossos planos de emergência", disse o executivo.
Monitoramento
Poppinga garantiu que hoje a situação das barragens da Samarco é completamente estável. Segundo ele, a estrutura da barragem de Santarém, localizada em Mariana (MG) e que não se rompeu, está sendo reforçada. "Mesmo assim, a Samarco está fazendo diques de contenção à jusante (abaixo), caso haja algum evento", afirmou o executivo.
Em outra região, chamada de Celinha, um dique da Samarco teve uma trinca constatada. Poppinga garantiu que as condições são seguras e o monitoramento está sendo realizado. A Vale, disse o diretor, tem ajudado a Samarco com apoio técnico e de equipamentos. "Hoje, podemos afirmar que a situação é absolutamente estável nas barragens (da Samarco)", afirmou em coletiva de imprensa no Rio.
Poppinga ainda explicou que a Vale depositava rejeitos na barragem de Fundão, uma das que se rompeu em Mariana, mas a Samarco era responsável pela distribuição do material dentro da barragem, de acordo com normas de segurança. O material da Vale correspondia por 4% a 5% do volume total. É importante mencionar que existe contrato de serviços bem definido entre Vale e Samarco, disse o diretor.
"A Vale paga uma taxa proporcional ao volume depositado. A Samarco define ponto fixo onde a Vale deposita o rejeito, um vale seco, ponto que fica fora do corpo principal da barragem que a Samarco gerencia. A partir daí, a Samarco redireciona os fluxos para distribuir dentro da barragem de forma a preservar a integridade. Essa é a realidade. Não temos mais nada a acrescentar", disse o diretor-executivo.