O ex-integrante da Banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha Leão, réu no processo criminal sobre a tragédia da Boate Kiss, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira, 25, em Santa Maria (RS). "Eu também sou uma das vítimas. Fui arrastado lá de dentro e ajudei a tirar pessoas da boate", disse Bonilha ao juiz Ulysses Fonseca Louzada, no Salão do Tribunal do Júri de Santa Maria.
O produtor foi quem entregou ao vocalista Marcelo de Jesus dos Santos o artefato pirotécnico que deu início ao incêndio na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, que matou 242 pessoas e feriu outras 630.
Este é o segundo depoimento dos réus do processo criminal. Na terça-feira, 24, foi a vez de Santos: "Vejo a dor de todo mundo aqui e gostaria de pedir perdão, se eu fiz alguma coisa errada. Nunca imaginei que poderia acontecer isso na minha vida", declarou o ex-vocalista.
Leão afirmou que não tinha noção do perigo que o sinalizador oferecia e que não possuía conhecimento de como utilizá-lo corretamente. O ex-produtor também fez críticas à boate, que, segundo ele, estava com a porta de saída fechada durante o tumulto. O réu se calou ao fim das respostas ao juiz. Auxiliado por seu advogado, ele se manteve calado durante a explanação da acusação.
No dia 1; de dezembro, Elissandro Spohr, um dos sócios da Kiss, presta depoimento. Já no dia 3, Mauro Hoffmann, o outro proprietário da boate, depõe no Fórum Central de Porto Alegre.
Os quatro réus são acusados de homicídio qualificado pelo motivo torpe e emprego de fogo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel que possa resultar perigo comum (242 vezes consumado e 636 vezes tentado). Após os interrogatórios, será aberto prazo para que a acusação e as defesas apresentem por escrito suas alegações finais, antes de o juiz decidir se os réus vão a júri popular.