Daniela explica a razão de tanta dedicação. ;Os animais são seres como quaisquer outros e precisam de alimentação, cuidado e carinho, especialmente numa situação de desastre como essa;, diz.No centro de recolhimento estavam sendo atendidos ontem 98 cães, três gatos, 120 galinhas, oito patos, oito cavalos, quatro porcos, dois ganços e uma vaca que estava em trabalho de parto, parindo o bezerrinho no meio da tarde.Uma das coordenadoras do centro, a médica veterinária Carla Sassi veio de Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas, para o trabalho voluntário. ;Não tiro férias no trabalho. Saio de folga justamente quando preciso atuar em alguma tragédia como essa de Mariana, prestando assistência aos animais;, explica a profissional.
Também à frente do trabalho com os bichos, a médica veterinária de Belo Horizonte Bárbara França Teixeira explica como é o acolhimento no local. ;Eles chegam geralmente sujos, com fome e debilitados. São medicados, recebem banho e tosa, são identificados e tratados, quando necessário. Todos estão sendo acompanhados;, disse. Segundo ela, há também voluntários para passear com cães durante o dia e equipes preparadas para intervenções cirúrgicas de diversas modalidades. Até ontem, mais de 30 haviam sido feitas. ;Entendo que esse trabalho é essencial e de extrema importância para esses animais neste momento.;A maior parte dos animais que atualmente estão no centro de recolhimento já foi identificada pelos donos, moradores dos distritos atingidos. ;Mas eles não têm como levar os bichos, porque também estão sem casa;, conta outra coordenadora do centro de recolhimento, a médica veterinária Amélia Margarida de Oliveira Leybonz, que veio de Nepomuceno, em Minas, com a família, para contribuir com o trabalho. ;Eu e outros voluntários temos um projeto chamado Veterinários no Asfalto, que presta apoio a comunidades isoladas e também em situações de tragédias. Aqui em Mariana o apoio tem sido surpreendente. Além do que, todos os profissionais que têm chegado são muito competentes;, disse.
UFMG
O trabalho com os animais teve o apoio ontem de um grupo de 12 profissionais da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Representante do grupo, o professor Júlio César Cambraia Veado explicou que os voluntários são alunos de residência nas diversas áreas da veterinária, que estão ajudando com mão de obra. ;Soubemos antes que não havia necessidade de trazer insumos e viemos prestar apoio na realização de procedimentos. Esse primeiro contato serve para avaliar a situação, que está estável, mas lembra um cenário de guerra. Na próxima semana, vamos retornar para continuar o trabalho;, afirmou o professor.