Jornal Correio Braziliense

Brasil

Jovens negros redescobrem a beleza dos cabelos e se sentem mais livres

Eles resolveram assumir o formato natural dos cachos



Victor não está incomodado. "Acho que minha imagem ajuda a aumentar a autoestima de outras pessoas negras". A professora Carmem Dolores Alves, mestre em educação com o trabalho A implementação da lei 10.639 nas escolas municipais do Recife e ganhadora do Prêmio Geledés, com o projeto Conhecendo a África através das brincadeiras, defende a valorização da identidade dos alunos e alunas negras nas escolas. ;As pessoas estão se empoderando cada vez mais de uma estética antes considerada feia. Hoje os casos de racismo parecem ser mais gritantes porque os negros estão mais empoderados, não têm mais vergonha de exibir suas características;, explica. Algo que não se resume ao cabelo, diz, mas também ao jeito de vestir, por exemplo.

Carmem desenvolve atualmente o projeto Ciranda da leitura de contos africanos e afro-brasileiros para incentivar a produção autoral de crianças e adolescentes do 4; e 5; anos da Escola Reitor João Alfredo, na Ilha do Leite. A ideia é difundir a valorização da identidade. Respeite o cabelo pixaim foi uma das publicações resultantes do projeto. Com base na releitura do conto afro-brasileiro O mundo começa na cabeça, que conta a história de como os penteados das crianças são valorizados em aldeias africanas, as crianças prepararam a obra com a ajuda da professora. A mesma iniciativa deu certo na Escola Paulo Freire, nos Torrões.