Brasil e Austrália acirram a competição no mercado da Ásia. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o ministro australiano, Barnaby Joyce, lideram nesta semana missões oficiais ao continente, de olho na expansão da demanda por produtos agropecuários, sobretudo no mercado chinês, e em oportunidades de cooperação.
A China foi a primeira parada na expedição de cinco dias realizada por Joyce. A Austrália deve oficializar em breve um acordo de livre comércio com o país. O acerto já foi formalizado pelos respectivos primeiros-ministros, mas aguarda aprovação parlamentar. Nesta quinta-feira (12/11) o ministro se reúne com seu contraparte chinês e com o ministro da Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena. Os mesmos representantes se sentam à mesa com Kátia Abreu no dia 17, para negociar a habilitação de mais frigoríficos brasileiros à exportação.
Se as credenciais forem aprovadas, o Brasil tende a conquistar mais espaço no mercado chinês nos próximos meses. A Austrália, por outro lado, enfrenta redução nos embarques em decorrência da menor oferta de gado no país. O intuito dos chineses é, naturalmente, assegurar o fornecimento de carne para atender à crescente demanda interna.
O ministro da Austrália deixa a China rumo à Coreia do Sul, onde permanece até o sábado, e depois visita o Japão, encerrando viagem em 16 de novembro. Camberra, Tóquio e Seul são signatários da recém-firmada Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês).
Em comunicado, Joyce indica que a razão da viagem é consolidar os acordos recém-firmados com as nações e explorar "relações de comércio em potencial". "Nós queremos garantir que a Austrália esteja no topo da lista, com a China, Coreia do Sul e Japão em busca de parceiros de comércio confiáveis que podem consistentemente prover produtos agrícolas de alta qualidade e sanidade a preços competitivos", afirma.
Participam da expedição australiana representantes de diversos segmentos, como os de carnes, lácteos, grãos e açúcar. Durante a viagem, executivos vão se reunir com representantes locais e importadores para discutir negócios. Os três países respondem por um terço das exportações agropecuárias da Austrália. A China é o principal mercado; demandou na temporada 2014-2015 9,1 bilhões de dólares australianos em produtos do setor - o equivalente a US$ 12,74 bilhões. Em seguida vêm o Japão, com US$ 6,44 bilhões, e a Coreia do Sul, com US$ 3,8 bilhões.
Kátia Abreu não vai passar por Tóquio nem por Seul, mas mantém os mercados no radar. Com a abertura do mercado norte-americano à carne bovina in natura, que só deve se concretizar no ano que vem, espera-se que Japão e Coreia do Sul sigam a brecha aberta por Washington.
A ministra já passou pela Arábia Saudita, onde anunciou a suspensão do embargo ao produto brasileiro, e pelos Emirados Árabes Unidos, onde acompanhou anúncio de ampliação da fábrica da BRF em Abu Dhabi. Ela deve chegar à Índia na sexta-feira, 13. Lá, pretende discutir a possibilidade de ampliar o Acordo de Preferências Tarifárias firmado com o Mercosul, mas a pecuária também estará em foco.
Ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Claudio Paranhos, que acompanha a missão, havia antecipado que o governo quer propor parcerias para a troca de tecnologias na pecuária leiteira, além de promover o intercâmbio de material genético. Kátia Abreu encerra viagem na China.