O técnico em segurança do trabalho Airton Sales, 31 anos, costumava passar o fim de semana na casa da mãe, no distrito de Paracatu, também atingido pela tragédia. A irmã dele morava no povoado e estava reformando a casa para a chegada do filho que está esperando. Agora, estão todos hospedados em hotéis e pousadas de Mariana.
"Nossa preocupação é que, enquanto o assunto está na mídia, a empresa responsável pelas barragens vai dar suporte. Mas, como saber onde vamos estar depois de um ano desse acidente? Será que a mineradora vai continuar pagando as nossas diárias? Queremos saber para onde vamos e o que vai ser feito."
A pedagoga Edna Cerqueira Mol, 48 anos, tinha um sítio no mesmo local onde a mãe de Airton morava. A casa era boa, composta por quatro quartos, varanda, copa, sala. Ela, o marido e as três filhas trabalham e estudam em Mariana mas, nos fins de semana, procuravam descanso no local, hoje tomado pela lama e pelo barro.
"Esse sítio era o sonho da minha vida. Demorei 18 anos para deixar tudo como estava. Tínhamos piscina, sauna. Ficou tudo destruído" disse. "Graças a Deus, não fiquei desabrigada. Mas o prejuízo foi altíssimo e não é justo pagar essa conta."