Funcionários da rede de supermercados Guanabara, no Rio de Janeiro, foram obrigados a trabalhar até três horas a mais por dia, sem receber horas extras e sem descanso, durante a edição anterior das ofertas de aniversário da empresa. A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, que no maior período de promoções da empresa ; quando uma multidão de consumidores lota as 23 lojas da rede ; aumenta a fiscalização nas unidades.
Segundo o presidente do sindicato, Márcio Correa Andrade, que percorreu unidades da rede na sexta-feira (16/10), quando começou a promoção, ainda é cedo para apresentar um balanço das denúncias. Ele considera, no entanto, que a presença do sindicato ajuda inibir os abusos que vêm ocorrendo.
;Desde o mês passado, a gente tem recebido denúncias do que aconteceu nos últimos anos. Por isso, estamos, desta vez, averiguando para impedir que se repitam;, afirmou Andrade. Na fiscalização, ele aproveitou para falar com clientes, alertando para ausência de empacotadores, que é uma exigência da legislação na cidade do Rio de Janeiro.
Outras denúncias do sindicato incluem trabalhadores que passam o dia em pé, por falta de assento, e o caso de uma funcionária que não pôde ir ao banheiro e acabou urinando na roupa. ;Era dia de mercado cheio, a trabalhadora solicitou que o supervisor liberasse a pausa para ela ir ao banheiro, parece que ele não liberou, e ela passou por esse constrangimento;, revelou Andrade.
Especialista em psicologia do trabalho, a professora Terezinha Martins dos Santos Souza da Universidade Federal de Estado do Rio de Janeiro (Unirio), alerta que a precarização do trabalho, apontada pelo sindicato dos comerciários é ilegal e gera problemas de saúde para o trabalhador. Segundo ela, a rede precisa contratar mais profissionais para atender o público.
;Até a oitava hora de trabalho o estado de cansaço é X, e quando ultrapassa a jornada, o cansaço é muito maior a cada hora;, esclareceu. ;É muito além da carga que você já está acostumado, por isso hora, extra é para situações excepcionais, não pode gerar precarização;, frisou.
O sindicato informou ainda que os cerca de 15 mil funcionários da rede aprovaram uma pauta de reivindicações que a categoria tenta negociar com a empresa há cerca de dois meses sem sucesso.
No documento, o sindicato pede que a rede Guanabara pague insalubridade para os funcionários do açougue, que trabalham no frio e sob o risco de corte, além de permitir que cada um escolha entre receber vale-alimentação ou comer no refeitório, disponível nas unidades da rede.
Em nota, o supermercado informou que em todas as lojas funciona um restaurante com cardápio preparado por nutricionista, e que fornece bancos, no refeitório e no vestiário, além de sala de repouso. O adicional de insalubridade não é pago, porque a empresa fornece todos equipamentos necessários para os colaboradores. A empresa diz ainda que todos possuem autonomia para ir ao banheiro, e que se mantém aberta para negociações com a categoria.