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Suspeito de abusar de passageira é detido no Metrô de São Paulo

A companhia também vai ampliar até o final deste mês a campanha %u201CSe eu Vejo, denuncio%u201D nas redes sociais

O Metrô de São Paulo informou hoje (23/9) que um usuário do veículo foi preso em flagrante, por volta das 16h40 de ontem (22/9), acusado de ter abusado de uma passageira. Um policial civil, que também estava no vagão, deteve o suspeito, e na próxima estação em que o trem fez a parada, policiais militares deram continuidade à prisão do acusado. Ele foi encaminhado para a Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), órgão responsável pela investigação dos crimes no sistema metroferroviário paulista, para prestar esclarecimentos.

Por meio de nota, o Metrô disse que o abuso sexual é um crime que deve ser combatido dentro e fora do transporte público, e que vem fazendo campanhas de conscientização e treinamento para que os funcionários operacionais estejam preparados para coibir este tipo de crime, e amparar as vítimas. ;Desde o ano passado, o Metrô vem intensificando suas campanhas de cidadania e conscientização e as ações de combate ao crime;.

De acordo com as informações do Metrô, como resultado, o número de manifestações pelo SMS Denúncia do Metrô (97333-2252) passou de 10 casos em 2013, para 61 em 2014 e para 62 em 2015 (de janeiro a agosto). Com o aumento das denúncias, a ação foi ampliada e, atualmente, 89% dos abusadores descritos pelas vítimas são detidos pelos agentes do Metrô e encaminhados para a Delpom.

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Ao mesmo tempo em que faz as campanhas, o Metrô promoveu um programa de combate ao abuso, e todos os agentes de segurança e de estação passaram por treinamento para acolhimento das vítimas. Em agosto, após o treinamento, foram implantados nas estações e trens cartazes informando os usuários que o Metrô disponibiliza uma rede de auxílio, com funcionários preparados, além de contar com câmeras de monitoramento que ajudam na identificação dos infratores. São mais de 3 mil agentes de segurança e de operação e 3.500 câmeras para monitoramento de estações e trens.

Na Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM), o serviço SMS-Denúncia recebeu 106 mensagens relacionadas à assédio. A segurança encaminhou para a autoridade policial 46 usuárias importunadas, que conseguiram identificar os molestadores e lavrar os boletins de ocorrências. ;Por isso, a companhia reforça que, em casos de ocorrência, as mulheres devem informar o fato imediatamente a um funcionário, apontando o autor e registrando queixa na Delegacia de Polícia;, disse a empresa, por meio de nota.

A companhia também vai ampliar até o final deste mês a campanha ;Se eu Vejo, denuncio; nas redes sociais. O conceito da campanha é ter um personagem comum em cena nas dependências ou trens da CPTM, segurando um cartaz escrito à mão com os dizeres: ;Se eu vejo, denuncio SMS 97150 4949;. Na postagem, além do recado institucional, haverá uma menção informando que a CPTM garante seu anonimato.

A massoterapeuta Lizandra Martins dos Santos, 43 anos, estava em um vagão cheio, e um rapaz pediu a ela que segurasse sua mochila, mas quando o vagão começou a esvaziar, ele não saiu de perto dela e começou a se insinuar. ;Eu afastava e ele vinha de novo. Foi então que falei alto, joguei as coisas dele no chão e ele desceu do vagão. Normalmente, eu procuro ficar em locais estratégicos para evitar esse tipo de situação;.

Mara Santana é designer e tem 46 anos. Um dia estava dentro do vagão do Metrô e percebeu o homem se encostando maliciosamente nela. Como ele não parou, ela falou alto, mas ele agiu como se ela estivesse inventando. ;Me senti muito fragilizada e desprotegida, porque as outras pessoas não falam nada. A gente fica sozinha;.

A estudante pega o trem da zona Sul para a Vila Leopoldina, zona Oeste, mas contou que nunca passou por esse tipo de situação. Entretanto, já observou diversas vezes homens se aproveitando da lotação do transporte para abusar de mulheres. ;Mesmo que haja espaço disponível, eles abusam da oportunidade para acariciar as mulheres. Eu fico bem esperta e me afasto ou faço uma cara feia. Mas há mulheres que são reprimidas, e não conseguem agir assim;.

Para Rosana Chiavassa, da Associação das Advogadas, Estagiárias e Acadêmicas do Direito de São Paulo (Asas), é obvio que a mulher no transporte público é mais facilmente acometida por esses agressores. ;Se a mulher pela qual o homem tem um afeto já sofre violência, imagina quando ela vira uma coisa, já que a cultura é machista de propriedade, quando vira coisa passa a ser alvo de toda e qualquer agressão;.

Rosana ressaltou que, além da cultura machista, o que contribui para que as mulheres sejam vítimas de assédio sexual no Metrô é a dificuldade para identificação e punição, por conta da superlotação. ;Os vagões têm câmeras, mas elas não pegam o que acontece da cintura pra baixo quando está superlotado. A solução a curto prazo, infelizmente, é apagar fogo, com as pessoas se envolvendo, para ajudar a denunciar e facilitar a punição. Esses crimes acontecem com a certeza da impunidade. E a mulher tem medo do agressor;, disse.