Jornal Correio Braziliense

Brasil

CFM revisa regras e elimina restrições para fertilização acima de 50 anos

Regra já deve valer a partir de amanhã, com publicação do ato no Diário Oficial

Mulheres com mais de 50 anos podem tentar engravidar por meio técnicas de reprodução assistida, contanto que assumam, junto com os médicos, os riscos que a gravidez pode causar. Antes, havia uma restrição à prática, caso a mulher tivesse mais de 50 anos. Agora, se ela estiver ciente dos riscos e o médico a apoiar, o procedimento poderá ser realizado.

A decisão foi anunciada ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que atualizou a resolução sobre a reprodução assistida. O novo texto deve ser publicado na edição de amanhã do Diário Oficial da União, quando as normas passarão a valer. A gravidez em idade mais avançada aumenta em 50% a 60% os perigos para a saúde da mãe, podendo provocar diabetes e hipertensão gestacional, e também para o feto, que pode nascer prematuro.

Para José Hiran Gallo, tesoureiro e coordenador da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do CFM, a decisão garante a autonomia das mulheres e o direito à reprodução: ;Houve demanda. Nós continuamos defendendo que a idade é 50 anos, por isso colocamos a responsabilidade não só para as mulheres, mas também para o médico;, disse.

A funcionária pública Tatiana Bastos, 42 anos, utilizou métodos de reprodução assistida e, atualmente, espera a primeira filha. Para ela, a decisão do CFM é acertada, já que os médicos alertam sobre os riscos. ;Hoje, as mulheres são mais saudáveis e chegam bem aos 50 anos, a expectativa de vida é maior. Eu mesma não tive nenhum problema. Desde que você se cuide, é uma gravidez normal;, afirmou.

Casais homoafetivos
Os casais homoafetivos femininos também foram beneficiados pela nova resolução do CFM. Já era realizada a gestação compartilhada, quando uma das parceiras pode gestar o embrião gerado a partir da fertilização do óvulo da outra, mas a norma era confusa. ;Está expressamente permitido. A principal dúvida, antes, era se o procedimento deveria ser feito com óvulo anônimo, e não com o óvulo da parceira. Mas agora há o reconhecimento da união homoafetiva;, disse o especialista Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

A norma sobre a doação de gametas também foi modificada ; somente espermatozoides podem ser doados, e os doadores devem ter no máximo 50 anos. O objetivo é prevenir a comercialização de óvulos, que exigem um processo invasivo para serem retirados. Amaral explicou que ;a doação do espermatozoide é simples e inócua. Já doar óvulos é um procedimento que tem riscos para a mulher. Há também a desvirtuação do processo. Nossa constituição proíbe remunerar qualquer tipo de doador, e isso poderia causar um comércio de óvulos ou troca de óvulos por cirurgias plásticas e outras vantagens;.