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Antes da chacina, PMs teriam cobrado arma de cabo morto em Osasco

Segundo testemunhas, policiais militarem foram a três pontos de venda de drogas e fizeram ameaças.

A força-tarefa responsável por investigar a maior chacina da história de São Paulo tenta identificar policiais militares que, segundo denúncias de testemunhas, passaram em pontos de venda de drogas na periferia de Osasco para cobrar a localização da arma roubada no assassinato do cabo da PM Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos. O fato ocorreu antes dos ataques que deixaram 18 mortos e seis feridos na cidade e em Barueri.

A principal linha de investigação é que os homicídios em série nestas cidades da Grande São Paulo aconteceram como resposta aos latrocínios do policial em um posto de gasolina, em Osasco, e de um guarda civil, em Barueri.

Em depoimento, testemunhas afirmaram que PMs foram em ao menos três biqueiras, como são chamados os locais de venda de drogas em Osasco, nos bairros de Munhoz Júnior, Jardim Rochdale e Jardim D;Avila, entre a morte do cabo Avenilson e a chacina, no dia 13.

De acordo com as denúncias, os policiais teriam cobrado a pistola .40, que pertencia ao cabo da PM e é de uso restrito da corporação, e feito ameaças caso a arma não aparecesse. A pistola, no entanto, não foi recuperada.

Segundo as investigações, um dos locais em que os PMs teriam passado corresponderia a um ponto de venda de drogas ligado a Presley Santos Gonçalves, de 26 anos, no Jardim Rochdale. Gonçalves é uma das vítimas da chacina e tinha passagem na polícia por receptação.

Agora, os investigadores trabalham para identificar os policiais que foram até as biqueiras e descobrir em que batalhão são lotados. A principal suspeita é que sejam agentes do 14; ou do 42; Batalhão, que atuam em Osasco. A possibilidade de que policiais dos dois grupos tenham agido em conjunto com guardas municipais também é investigada.

Na quarta-feira, 20, policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa de um GCM de Barueri suspeito de ter participado do crime. Duas armas foram apreendidas e encaminhadas para perícia.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que a força-tarefa mantém diligências para esclarecer as mortes em Osasco e Barueri e que a Corregedoria da Polícia Militar apoia os trabalhos.

Pré-chacina

A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo solicitou que sejam incluídas nas investigações da força-tarefa outras seis execuções a tiros que aconteceram nos dias 8 e 9, em Osasco, logo após a morte do cabo da PM. As vítimas tinham entre 16 e 44 anos e a autoria dos crimes ainda é desconhecida.

Para o ouvidor Julio Cesar Neves, esses assassinatos estão relacionados à chacina. "As coincidências são muito fortes", disse.

Segundo afirma, um sobrevivente desses ataques disse que os assassinos também perguntaram quem tinha passagem pela polícia antes de atirarem - método que se repetiria dias depois. A SSP diz que, até o momento, não vê relação entre os casos e que as seis mortes são investigadas pela Polícia Civil de Osasco.