).
A presidente Dilma Rousseff se reuniu, às 17h, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, com pelo menos três ministros -- Jacques Wagner, da defesa; José Eduardo Cardozo, da Justiça; e Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social -- para avaliar as repercussões dos protestos que ocorreram em várias cidades brasileiras. Em nota, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse que "o governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática". Não está previsto nenhum pronunciamento oficial.
Os protestos também ocorreram em 11 paéses.
Veja como foi o dia de protestos nos principais estados do país.
[SAIBAMAIS]São Paulo
Em São Paulo, a manifestação foi marcada para a parte da tarde, por volta de 13h, e reuniu 250 mil manifestantes. A concentração, como de outras vezes em que houve manifestação, em abril e março, começou em volta do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Os movimentos que lideram a iniciativa - Vem Pra Rua, Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, Revoltados Online e Movimento Brasil Livre, além da Força Sindical - defendem a saída da presidenta da República, divergindo, no entanto, quanto à forma. Há os que queiram impeachment, novas eleições ou intervenção militar.
"Nosso objetivo é mudar o Brasil. Já não aguentamos mais esta corrupção, os níveis de miséria e sofrimento. Não poder haver milhões de reais desviados ao ano", disse à imprensa Rogério Chequer, líder do ;Vem pra Rua;, um dos organizadores dos protestos, durante a marcha em São Paulo.Por volta de 18h, a Avenida Paulista começou a ser liberada para o trânsito de carros.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e onde se disputou neste domingo o evento de teste olímpico de ciclismo de pista, milhares de manifestantes tomaram a avenida Atlântica em frente à praia de Copacabana, por volta das 13h30. Alguns manifestavam-se vestidos com roupas de banho, outros carregando suas pranchas de surf ou andando de skate. "Estão saqueando o Brasil", lamentou Jorge Portugal, um aposentado de 63 anos.
Os manifestantes pedem a renúncia ou o "impeachment" da presidente, uma opção que pode ocorrer se o Tribunal de Contas julgar finalmente que Dilma usou de maneira indevida recursos de bancos públicos para tapar buracos no orçamento. Na cidade, o proteste teve seis carros de som e durou cerca de quatro horas.
Minas Gerais
Em Belo Horizonte, os protestos começaram antes das 12h e reuniram 6 mil pessoas, segundo balanço da Polícia Militar. O grande destaque da manifestação foi a chegada do senador Aécio Neves, que participou pela primeira vez na rua com a multidão. "Chega de tanta corrupção. Meu partido é o Brasíl", disse Aécio, em cima do trio.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma, Aécio preferiu não se pronunciar e disse apenas que uma candidatura dele não é um projeto pessoal. "Quero impedir que o governo continue fazendo mal ao povo brasileiro", afirmou.
Pernambuco
No Recife, os organizadores calcularam em 50 mil o número de pessoas que participaram do evento. Os manifestantes caminharam da padaria Boa Vagem até o segundo jardim da avenida, entoando jingles contra a corrupção, os desvios de verba da Petrobras e a acusações direcionados ao PT e ao ex-presidente Lula (PT). A maioria das pessoas vestia camisas verde e amarela, exibindo a frase ;meu partido é o Brasil;. A Polícia Militar informou que não divulgará estimativa de público.
O protesto foi organizado pelos movimentos Vem pra rua e Brasil livre e contou com a participação de políticos de partidos adversários ao governo Dilma. O deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) destacou que é hora do povo ir para as ruas. "Ninguém suporta mais isso do empresário ao empregado. O país está semi-paralisado. Ou ela (Dilma) vai para renúncia ou chama para um entendimento ou ela vai resultar no impeachment;, ressaltou o peemedebista.
Rio Grande do Sul
Em Porto Alegre, a Brigada Militar calcula que mais de 30 mil pessoas estiveram nas manifestações. A concentração foi no Parque Moinhos de Vento. De lá, seguiram pela Avenida Goethe até a João Pessoa, terminando no Parque Farroupilha.
Em um momento do trajeto, manifestantes nos carros de som disseram que se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), continuasse apoiando Dilma, o próximo protesto seria contra ele. O ex-presidente Lula também foi alvo de críticas. No chão, cartazes pedindo melhorias em áreas como saúde e educação, que estavam presentes em manifestações anteriores, não são vistos hoje.
Carros de som acompanharam as pessoas, que levaram faixas com pedido de impeachment. Cerca de 400 policiais fizeram a segurança dos manifestantes. Tudo foi organizado por meio das plataformas de relacionamento.
Santa Catarina
Para reivindicar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, manifestantes tomaram a principal avenida de Florianópolis, a Beira-Mar Norte. A Polícia Militar (PM) estima que 20 mil manifestantes integraram o movimento na capital de Santa Catarina, mas os números oficiais serão divulgados apenas ao término do ato.
Moradores de outras 22 cidades do Estado foram às ruas com faixas e cartazes que citam os escândalos de corrupção na Petrobras, as prisões da Operação Lava Jato, o aumento da inflação e o ajuste fiscal. A maior manifestação no interior catarinense foi em Chapecó, no oeste do Estado, que reuniu 5 mil pessoas nesta manhã.
Solidariedade a Lula
Cerca de 1.500 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram de um ato em solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (16/8) na frente do Instituto Lula, no Ipiranga, zona Sul de São Paulo. Vestindo camisetas vermelhas do PT e da Central Única dos Trabalhadores, os manifestantes entoam gritos de guerra em defesa do ex-presidente e da presidente Dilma Rousseff. A bateria da escola de samba Acadêmicos do Brás anima os manifestantes que também usaram sinalizadores com fumaça vermelha, a cor do PT.
Segundo o presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, Emídio de Souza, o objetivo do ato é um desagravo a Lula. O instituto foi alvo de uma bomba caseira no dia 30 de junho: ;Isso aqui não tem nenhum sentido de enfrentamento ao protesto da avenida Paulista."
"O ato pela defesa da democracia (e de Dilma) será no dia 20;, disse ele. Além das manifestações pró-Lula e Dilma, o ato prevê uma jornada de debates sobre a democracia com a participação de sindicalistas, líderes de movimentos sociais e juristas contrários ao impeachment de Dilma.
Com informações de Matheus Teixeira, Marcella Fernandes, Sílvia Medonça, Larissa Rodrigues, Mariana Labossi;re, Diego Ponce de Leon, Vinícius Nader, Ataide de Almeida Jr. e agências.