Uma prática comum na infância tem chamado a atenção de educadores e vem mobilizando especialistas do mundo todo: o ;jogo da asfixia; ou ;jogo do desmaio;, consiste em cortar a passagem de ar para o cérebro, provocando o desmaio. O objetivo da prática, segundo especialistas, seria uma sensação de euforia. No entanto, a ;brincadeira; pode gerar consequências neurológicas ou até mesmo a morte. O assunto é tão sério que vai pautar um evento inédito no Brasil, o Colóquio Internacional sobre Brincadeiras Perigosas, no fim do mês em Fortaleza.
O projeto, que vai reunir especialistas, representantes de organizações de diversos países e familiares de vítimas, é iniciativa dos pais de um jovem de 16 anos vítima do jogo. Eles criaram o Instituto DimiCuida, que se dedica a pesquisas e estudos sobre o tema. ;Nosso enfoque é conscientizar e prevenir profissionais da área de saúde, educação, pais, crianças e adolescentes, sobre a prática das brincadeiras perigosas, que estão ficando cada vez mais populares entre crianças e jovens. Nós ressaltamos a importância de valorizar a saúde e o cuidado com o corpo;, informa Fabiana Vasconcelos, psicóloga do Instituto.
De acordo com dados divulgado pelo DimiCuida, nos EUA entre 1995 e 2007 foram registrados 82 casos dessa natureza, envolvendo jovens entre 6 e 19 anos. Dentre eles, 87% eram meninos. No Brasil, os dados não estão disponíveis, pois as ocorrências são registradas apenas como morte acidental. ;Queremos trabalhar em parceria com as secretarias de Segurança Pública para que os inúmeros casos de vítimas de brincadeiras perigosas sejam contabilizados e possamos chamar a atenção do poder público;, diz a psicóloga.
O instituto alerta aos pais que é possível notar os sinais de um praticante do jogo de asfixia. Os principais sintomas são: olhos vermelhos, marcas no pescoço, pequenos pontos vermelhos ao redor do rosto, frequentes dores de cabeça e desorientação após passar um tempo isolado ou sozinho. ;A melhor maneira de prevenir a prática seria com programas em escolas, treinamento de educadores e profissionais de saúde. Eles teriam foco na importância da respiração e no entendimento de riscos e consequências. Porém, a prevenção não envolveria ilustrações da prática, nem levariam informações de como é feita;, advertiu Fabiana.
Para Fabiana, as redes sociais e outras mídias são grandes propagadoras de desafios de riscos. Segundo o Instituto, até o momento, mais de 200 mil vídeos e manuais ensinando o jogo já foram localizados. ;Os pais devem adquirir informações, conhecer e compreender a prática, os riscos e sinais. E, acima de tudo, em tempos de comunicação virtual, ficar atentos para os valores individuais da criança e adolescentes, focando em uma formação sólida e estabelecendo em casa um espaço de comunicação real, de acolhimento e segurança;, aconselhou a psicóloga.
1; Colóquio Internacional sobre Brincadeiras Perigosas
25 e 26 de agosto
Foraleza, Ceará