Jornal Correio Braziliense

Brasil

Taxistas cercam, xingam e agridem passageiros do Uber em Belo Horizonte

Ao denunciar o caso nas redes sociais, uma das vítimas recebeu uma ameaça como resposta: "É apenas o começo"

A disputa entre taxistas e motoristas do aplicativo Uber teve mais um capítulo de violência ; desta vez, em Belo Horizonte (MG). O músico Marcel Telles e a jornalista Luciana Machado foram cercados e xingados quando pegavam um carro do serviço. O caso de agressão foi registrado no fim da noite da última sexta-feira (7/8), na Região Leste da capital mineira.

Segundo depoimento da jornalista publicado no Facebook, o casal e o motorista foram ameaçados por três taxistas. Marcel tentou argumentar com eles, mas foi agredido. Em seu perfil na rede social, o músico compartilhou dois vídeos mostrando marcas no corpo e relatou o acontecimento. Luciana também desabafou em sua página e escreveu que essa é a segunda vez que passam pela situação. "Na primeira vez, eu e Marcel estávamos em frente ao hotel Ouro Minas aguardando o Uber. Quando ele chegou, um taxista parou na frente dele, tentando impedir que saíssemos com o carro. Reclamamos, indignados, e conseguimos ir embora. Na última vez foi muito pior", disse.

De acordo com o relato da jornalista, a polícia passou próximo ao local no momento e os taxistas foram embora. "Ingenuamente e muito nervosa, eu só fiz um pedido aos policiais militares que ali chegaram: por favor, nos ajudem a sair daqui com segurança. Os militares nem sequer pararam o carro, desceram ou registraram o ocorrido", escreveu.

Em uma das postagens de Marcel, um taxista respondeu de maneira agressiva. No texto, o homem critica o transporte que ele chama de clandestino e ameaça: "isso é apenas o começo". O Uber enviou a Marcel um pedido de desculpas. "Estamos certos de que a voz de milhares de cidadãos será ouvida. Por enquanto, continuamos a trabalhar duramente e com muito entusiasmo para melhorar nosso atendimento cada vez mais", diz o comunicado.

Neste domingo, por telefone, o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários (Sincavir), Ricardo Faeda, disse à reportagem que assim que se inteirasse do caso se pronunciaria por meio de nota. O posicionamento deve ser divulgado na segunda-feira.

A assessoria do Uber classificou como "inaceitável o uso de violência para tolher o direito de escolha do cidadão". A empresa ainda "reafirma que oferece por meio de seus parceiros uma nova modalidade de transporte urbano que complementa a rede pública de transporte. Acreditamos que ideias são à prova de violência e que o cidadão precisa ter garantido seu direito de escolha no Brasil".