Jornal Correio Braziliense

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Prática de barrar clientes na porta pode esconder discriminação

Casas noturnas que escolhem quem entra ou não são comuns na Europa e nos Estados Unidos, mas "seleção" pode servir de cortina de fumaça para casos de preconceito racial e social



Nesta quinta-feira (6/8), reportagem publicada pelo Correio mostrou que uma casa de festas de São Paulo é investigada pelo Ministério Público por denúncias de racismo e discriminação na entrada dos eventos. Reclamações como essa são frequentes em clubes de todo o mundo. Consumidores utilizam a internet para criticar os parâmetros de escolha dos estabelecimentos noturnos.

Barrar a entrada de uma pessoa com base em etnia, orientação sexual ou beleza é, pela lei, crime. Outros critérios, como a vestimenta e a idade, não burlam qualquer lei, mas são criticados por frequentadores dos estabelecimentos, que questionam a objetividade do modo de selecionar os clientes.

O que pode ser um caso claro de discriminação começa em uma prática frequente nos Estados Unidos e na Europa, com início nos anos 1960/1970. Na tentativa de padronizar a clientela, algumas boates selecionam as pessoas que podem e que não podem entrar na casa com o objetivo de priorizar uma clientela mais descolada, geralmente composta por gente famosa ou rica.

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Em uma rede social de estabelecimentos, uma consumidora disse não ter conseguido entrar no Pink Elephant, em Nova York, apesar de ter feito a reserva. Ela ressalta que os seguranças nem checaram o nome dela na lista. ;Para completar, uma amiga da minha amiga confirmou presença na festa depois que começou, e a lista já estava impressa, mas mesmo assim conseguiu entrar sem problemas;, conta.

O caro e exclusivo clube inglês Cirque le Soir recebeu críticas de um usuário do site de avaliação Trip Advisor: ;No mínimo racista;. Ele afirma que chegou ao local às 23h e ouviu de uma funcionária que a casa estava cheia. Ao deixar a fila, percebeu que muitas pessoas ainda entravam no estabelecimento. Todas brancas. Sammy conta que, no seu grupo de quatro amigos, dois eram asiáticos.

A estudante brasiliense Raquel Franco, que faz intercâmbio na cidade do Porto, em Portugal, conta que já viu muitos casos parecidos, principalmente na Espanha e na Alemanha. Em maio deste ano, o grupo de amigos com quem viajava ouviu do segurança que não poderia entrar na festa porque nenhum deles sabia qual banda ia tocar. Ela acredita que o grupo sofreu discriminação porque era composto por latinos e o motivo alegado, uma desculpa.

A prática de profiling (selecionar com base no perfil do cliente) é considerada comum na Europa, mas em maio deste ano, o estudante Kosi Orah denunciou a discriminação sofrida na boate londrina Ghost. O universitário filmou o momento em que o segurança na porta do evento disse que ele e os amigos não poderiam entrar porque são negros. Segundo Orah, o segurança também disse que o estabelecimento já tinha preenchido a ;cota de negros; da noite. O incidente foi denunciado à polícia, que investigou o caso.