Jornal Correio Braziliense

Brasil

Após quatro anos, bondes de Santa Teresa voltam a funcionar

As tarifas só serão cobradas após a inauguração da próxima estação, no Largo dos Guimarães, centro comercial de Santa Teresa, prevista para outubro

Depois de quatro anos parados, os bondes de Santa Teresa, tradicional bairro na zona central do Rio de Janeiro e cartão-postal da cidade, voltaram a funcionar na manhã de hoje (27). Enquanto o restante das obras não é concluído, a pré-operação do sistema com passageiros será feita, inicialmente, entre os Largos da Carioca e do Curvelo, trecho com cerca de 1,7 quilômetros.



No período de pré-operação, o sistema não vai funcionar nos horários de pico. Os bondes vão circular de segunda a sábado, das 11 às 16h, com intervalos de 20 minutos. Também na fase de pré-operação, não haverá cobrança de passagem. Embarque e desembarque estão sendo feitos somente nos pontos de parada e a lotação de cada bonde está limitada a 32 passageiros. No total, 12 agentes da secretaria estarão nas estações dos Largos da Carioca e do Curvelo para orientar os usuários do sistema.

O secretário Osório ressaltou que a maior vantagem do novo sistema é a segurança. ;O novo bonde tem dois objetivos: manter características do original, que é a ;cara; de Santa Teresa e agregar tecnologia, principalmente nos quesitos de segurança;, disse acrescentando que temos agora quatro sistemas de freio, o quarto é magnético, de emergência, e será acionado em último caso. Além disso, durante a viagem, não será mais permitido viajar em pé, nem nos estribos, que no modelo do novo bonde são retráteis e acionáveis no momento de parada dos pontos.

Tarifas

Ainda de acordo com Osório, as tarifas só serão cobradas após a inauguração da próxima estação, no Largo dos Guimarães, centro comercial de Santa Teresa, prevista para outubro, após a conclusão das obras e de testes. O secretário garante que o valor da passagem será inferior ao do ônibus municipal, que hoje é R$ 3,40.

;As tarifas ainda estão sendo estudadas e vão ser discutidas com os moradores de Santa Teresa, mas vão ser mais baratas que a do ônibus municipal. Também estudamos junto à prefeitura integrar os bondes ao bilhete único municipal e intermunicipal (sistema no qual os passageiros podem pegar dois coletivos, no período de 2h30 e 3 horas, e pagar o valor único de R$3,40 e R$ 5,90, respectivamente),; disse.

A paulista Laura Paganini, publicitária de 27 anos, está em seu último dia de férias no Rio. Ela disse que ficou feliz por ter tido a experiência de andar no bonde antes de retornar a sua cidade. ;Gostei muito do passeio, o bonde passou segurança, além disso o bairro é muito bonito, com uma vista incrível. Valeu a pena.;

Moradora de Santa Teresa, a fotógrafa e designer Isabel Mattos Ferreira lamenta que o bonde ainda não chegou na área onde vive, mas acredita que a reinauguração do sistema é um ganho para o bairro. ;Vim para ver o bonde e testar. Foi uma viagem muito tranquila. Estou esperando as outras estações abrirem não só para servir de transporte a nós moradores, mas trazer esse charme dos bondinhos de volta para Santa Teresa.;

A previsão inicial era de que o novo bonde ficasse pronto até a Copa do Mundo de 2014, mas problemas com a execução das obras provocou diversos atrasos, inclusive parte da obra precisou ser refeita no trecho Carioca-Curvelo, devido a um erro na instalação do rejunte dos trilhos, o que impedia o acionamento do freio dos bondes. Devido às falhas operacionais na execução dos trabalhos, a empresa concessionária responsável pelas obras Elmo Azvi, recebeu este ano duas multas que somadas chegam a R$ 1,35 milhão.

Além dos atrasos e das falhas, outro imprevisto enfrentado durante a execução das obras é o custo, que hoje está em R$ 87,1 milhões, quase 50% mais alto que o valor apresentado inicialmente, de R$ 58,6 milhões. Até o momento, o governo do estado pagou R$ 43,5 milhões, que corresponde à metade do atual orçamento.