A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte de carioca Tatiana Camilato, 31 anos, levada para a Unidade de Pronto Atendimento de Engenho Novo após supostamente ter feito um aborto em uma clínica clandestina.
Segundo informações iniciais, Tatiana chegou ao hospital na sexta-feira (10/7), dia seguinte ao procedimento para retirar o feto, acompanhada de uma desconhecida. "Ela estava arranhada e com os dentes quebrados quando deu entrada no hospital", contou a irmã de Tatiane, Daniele Camilato. Ainda de acordo com a irmã, Tatiana só tinha contado sobre o aborto à sobrinha de 15 anos e levou R$ 650 para fazer o procedimento.
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Daniele conta que as informações que constam na ficha de atendimento da UPA sobre a mulher que deixou Tatiane no local são falsas. A mulher teria contado aos atendentes que era apenas conhecida de Tatiane e encontrou-a perto de casa, passando mal, e por isso decidiu levá-la ao hospital.
Na bolsa de Tatiane, após confirmada a morte, havia apenas absorventes anti-hemorrágicos e o celular quebrado de uma amiga - que havia se comprometido em deixar no conserto. ;Duas perguntas ficam na minha cabeça: para onde foi o celular da minha irmã? Ela não o largava por nada. Essa pessoa [ que a levou para o hospital] era conhecida, amiga dela, por que não ficou com ela até o final? Por que mentiu sobre seus dados?;, questiona a irmã.
Daniele acredita que Tatiana não contou sobre o aborto para a família porque sabia que seriam contra. Ela era mãe solteira de três filhos (9, 12 e 13 anos) e há poucos meses saiu de uma empresa de serviços gerais, em que trabalhava como copeira.
O que diz a lei
Apesar de o aborto ser apenas permitido no país em casos de anencefalia e estupro, o levantamento mais recente sobre o assunto, da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2013, estima que cerca de um milhão de abortos são realizados por ano no Brasil. Além disso, a Pesquisa Nacionalde Aborto, feita pela antropóloga da Universidade de Brasília, Débora Diniz,em 2010, indica que uma a cada cinco brasileiras em idade fértil (18 a 40 anos) já abortara pelo menos uma vez.