[SAIBAMAIS]De acordo com o coordenador da ONU, a população das cidades no mundo aumentou, a riqueza também, mas a desigualdade veio junto. ;Essa situação não é sustentável para um futuro de prosperidade. As cidades são divididas entre os que têm e os que não têm;, afirmou Acioly. Hoje, 50% do planeta não vive mais na zona rural. Em 2030, serão 60%. O fenômeno é relativamente recente, porque, em 1800, a taxa de urbanização mundial era de apenas 3%.
Nas Américas, os 10% mais ricos são donos de 40% da renda nacional. Ao contrário, os 10% mais pobres, de apenas 2%. Apesar disso, a pobreza no mundo caiu de 43% para 21% nos últimos 20 anos. Hoje, há 750 milhões de pessoas na classe media, segundo Acioly. ;Isso é bom para os negócios, cidades, economia, para muita gente.;
Metrô de Barcelona e Atlanta
O desafio precisa ser enfrentado pelos próprios prefeitos, segundo Acioly. ;A política local municipal faz diferença, em melhor acessibilidade aos bens e serviços na cidade. Isso tem impacto.;
Além da desigualdade, o coordenador da Habitat citou outros problemas das cidades. O crescimento demográfico e a expansão territorial mais rápida que o crescimento populacional são prejudiciais. Accioly diz que a ocupação de espaço acontece duas vezes mais rápido do que o aumento da população. Ele citou o exemplo de Barcelona, na Espanha, de Atlanta, nos Estados Unidos, ambas com 2,5 milhões de habitantes.
A primeira tem sua população concentrada. Mas Atlanta tem um território 28 vezes maior. Resultado: segregação espacial e aumento dos custos de urbanização. ;Isso não é boa noticia.; Em Barcelona, a linha de metrô é acessível a 60% da população e possui apenas 99 quilômetros. Para fazer o mesmo em Atlanta, seriam necessários, 3,4 mil quilômetros de metrô. ;Logicamente que o poder municipal não tem esses recursos;, disse Acioly.
Soluções
Para resolver o problema, Acioly defendeu uma mudança na agenda muncipal. Isso inclui antecipar o crescimento das cidades e planejar a ocupação do espaço. Também é preciso fazer leis e normas inteligentes, que incentivem a criatividade empresarial para o setor produtivo encontrar medidas contra problemas existentes. Outra solução é usar medidas sustentáveis em larga escala, como veículos com várias fontes de energia.
Acioly diz que a ONU fez uma pesquisa em 77 cidades européias de porte médio, com 100 mil a 500 mil habitantes, mas que faziam parte de uma área de influência de 1,5 milhão de pessoas. Nelas, as Nações Unidas avaliaram questões como o uso inteligente da economia, da mobilidade, das redes digitais e do acesso à cidade do ponto de vista nacional e regional.
O resultado foi que umas cidades mais ;inteligentes; da Europa foi Luxembugo, situada no país de mesmo nome. Já Eindhoven, na Holanda, estava atrás no quesito sustentabilidade.
*O repórter viajou a convite do Instituto Smart City