Um dos maiores casos de intoxicação por agrotóxico já registrados no país completou dois anos no último domingo sem que as mais de 100 vítimas ; que ainda sofrem as consequências ; tenham recebido o tratamento adequado e sem que qualquer pessoa, empresa ou instituição, tenha sido responsabilizada. O caso ocorreu em 3 de maio de 2013, na área rural de Rio Verde, em Goiás, a 440km de Brasília.
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Naquela manhã de sexta-feira, o piloto David Colto levantou voo em um avião agrícola da empresa Aerotex. Carregava, segundo a empresa, o inseticida engeo pleno, fabricado pela Syngenta. Seu destino: uma lavoura de 10 hectares de milho ; arrendada de um assentado ; vizinha à Escola Municipal São José do Pontal, no assentamento rural Pontal do Buriti. Perto das 9h30, os alunos, de 9 a 16 anos, espalhados pelo pátio e pela área de lazer da escola, usavam pratos de plástico para comer a merenda daquele dia: arroz com galinha. David Colto começou a pulverização. Com o avião, ia e vinha distribuindo inseticida.
Professores e estudantes, em determinado momento, notaram a aproximação ruidosa da aeronave. Em seguida, tomaram um banho de veneno, que atingiu a pele, os cabelos, as roupas e a comida das crianças. O prédio, os brinquedos no parquinho, os veículos, árvores, pátio, tudo foi banhado de agrotóxico. O avião passou pelo menos mais uma vez sobre a escola, despejando uma segunda chuva tóxica.
O resultado da nuvem de veneno que caiu sobre a escola foi sentido poucos minutos depois. Alunos, professores e funcionários manifestavam sintomas de intoxicação aguda, com náuseas, vômitos, tonturas, dores de cabeça, coceiras, falta de ar e formigamento. Improvisadamente, foram levados ao posto de saúde mais próximo. Lá não havia médicos toxicologistas ou outros profissionais para fazer o atendimento. As vítimas foram observadas, algumas receberam soro fisiológico e duas horas depois todas foram mandadas de volta para casa, mesmo ainda sob os efeitos da intoxicação.
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