As ruas do Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, voltaram a ser palco de um ensaio de lingerie. O ato foi programado em protesto à reação machista sofrida por Paola Silva Alves Lopes, de 30 anos, grávida de nove meses, que foi agredida verbalmente depois de fazer fotografias com roupas íntimas em vias de BH no último dia 10. Ela e outras seis gestantes fizeram um desfile neste sábado até um bar onde novamente foram reprimidas.
O grupo se concentrou na Praça Marília de Dirceu. As mulheres foram maquiadas e de lá seguiram até uma região de bares, onde é comum a grande movimentação de pessoas. De lingerie, cinta liga e salto alto se sentaram em uma das mesas do estabelecimento, mas foram proibidas de consumir, por orientação da gerência. ;Sentar eu permito, mas elas não podem ser servidas;, disse o gerente.
Questionado sobre o motivo da proibição, ele alegou que entre outros, seria porque elas estava de roupas íntimas. ;A ideia do primeiro ensaio era mostrar que diferentemente do que mostram as fotos tradicionais, a gravidez não é um período fácil para a mulher. Mas nem por isso, as mulheres deixam de ser sexy. Elas podem se vestir como quiserem para ser fotografas nesse momento tão lindo;, disse o fotógrafo Alexandre Périgo, marido de Paola.
A atriz e cantora, de 30 anos, estava feliz com o a presença das demais gestantes. ;Pelas redes sociais, 125 grávidas manifestaram contra a reação negativa das pessoas e disseram que viriam. Muitas desistiram porque o marido não deixou e outras pela própria indisposição comum à gravidez. De todo modo, o importante é que voltamos para mostrar que não podemos se tratadas com preconceito", disse.
As agressões sofridas pela atriz aconteceram na terça-feira. Ao circular pelo bairro onde mora e ser reconhecida, ela acabou agredida verbalmente. "É esse tipo de puta que tem filho hoje em dia, aí cria vagabundo!” e "Vadia que quer aparecer, se eu fosse o filho ia ter vergonha da mãe", foram as frases ouvidas por ela.
O ensaio, segundo Paola, foi para homenagear o filho Leonardo, fugir dos ensaios-clichês de gestantes e levantar a bandeira contra o machismo e o assédio nos espaços públicos.